O Milagre

Florence Pugh vale qualquer ingresso e aqui não é diferente, já que ela estrela com muito empenho O Milagre, esse thriller psicológico de época que trata sobre a história de uma menina que está, supostamente, de jejum há mais de 4 meses. Para tanto, um comitê é formado na cidade, a fim de analisar se isso se trata de uma fraude ou de um caso de santidade, colocando a atriz encarnando uma enfermeira com seu olhar cético, porém empático, da situação, que vai muito além do que aparenta.

Sebastián Lelio (de Gloria e Uma Mulher Fantástica) dirige e escreve, ao lado de Alice Birch e Emma Donoghue (a autora do livro que inspira essa obra, The Wonder) com muita sofisticação e estilo – a abertura e o encerramento do longa se dão em um set, mostrando a construção do cenário, o que evoca o teatro épico (em dados momentos, suspeita-se que alguns personagens também conversam ou olham para a tela, mas isso é um recurso mais discreto, não exatamente de quebra da quarta parede) –, enquanto fala sobre fanatismo religioso, negacionismo, histeria coletiva e o embate entre a fé e a ciência.

Relacionar a perda recente da protagonista de Pugh e criar assim sua conexão com a ótima Kíla Lord Cassidy (a sequência da menina prodígio em uma revelação próxima ao fim é arrebatadora) foi uma grande sacada do roteiro, que busca sim um final mais feliz e acalentador, que por mais previsível que seja, consegue se sustentar até antes de sua resolução, pois os percalços dados até ali são intensos e intrigantes, que fazem valer cada minuto dessa sessão.

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