O Pálido Olho Azul
Baseado no livro de Louis Bayard, a história de O Pálido Olho Azul coloca um homem investigando o assassinato de um cadete na Academia Militar dos EUA, contando com a inusitada colaboração de um jovem Edgar Allan Poe, que é o grande chamariz desse thriller de época.
Conhecido por bons filmes, como Aliança do Crime e Tudo por Justiça, esse também com Christian Bale, o diretor Scott Cooper é acostumado a narrativas onde seus protagonistas estão arruinados ou não têm mais nada a perder antes de um último ato. Eu não li o livro, mas essa adaptação parece ser bastante fiel à produção, pois abraça o gótico de Poe tanto nas soluções narrativas, quanto nos diálogos e fotografia, o que deixa ao menos o enredo mais coeso em sua premissa.
As interações entre Bale e o sempre ótimo Harry Melling (que faz o excêntrico e repleto de maneirismos Poe) são boas e parte do show reside na química entre os dois. De um lado, o velho e espertalhão investigador, do outro, o jovem arrogante com futuro promissor. O mistério, que é o tempero da trama de O Pálido Olho Azul, se sustenta bem por boa parte da sessão, quando então outro evento ocorre antes do fim. A resolução no clímax, por outro lado, é meio previsível, ainda que não jogue sujo com seu público. Boa parte do segundo ato é arrastado, desenvolvendo outros personagens e preparando o terreno para o suspeito se revelar. Toby Jones e Gillian Anderson, entre outros nomes, tem curtas, mas boas participações.
Porém, existe uma reviravolta em duplo carpado, que é muito mais interessante (no campo das ideias), mas terrivelmente mal executada. A maneira de Nolan em Interestelar, Cooper pega o seu espectador pela mão, ao qual ele julga burro ou lerdo, e passa mais de dez minutos explicando algo que poderia ter se resolvido com um olhar (ou de um jeito elegante, como Bryan Singer já ensinou com Os Suspeitos em 1995, penso eu). É quase como se o diretor olhasse para seu filme, que é um mistério decente, ainda que nada demais, e pensasse: “e se eu desse uma estragadinha aqui?”. É claro que nenhum final deve diminuir ou aumentar a qualidade de uma história inteira, mas que baixa a pontuação, baixa.