O Perigo Bate à Porta

Por que o cinema não esquece a família Manson?

Um grupo de amigos resolve passar um tempo em uma casa alugada, mas não imaginam que psicopatas rondam o lugar e que um destino terrível os aguarda. O ano é 1969, e o grupo que espreita do lado de fora é a Família Manson.

Inspirado, mas nem tanto

O Perigo Bate à Porta se define como um filme que é levemente inspirado nos assassinatos Tate-LaBianca, cometidos pela família Manson e essa é uma definição justa.

O filme O Perigo Bate à Porta narra os assassinatos Tate-LaBianca de maneira diferente
O filme narra os assassinatos Tate-LaBianca de maneira diferente

No filme acompanhamos tanto o casal LaBianca, assassinado na noite de 10 de agosto de 1969, quanto Sharon Tate (Katie Cassidy) e seu grupo de amigos formado por Jay (Miles Fisher), Wojciech (Adam Campbell) e Abigail (Elizabeth Henstridge), assassinados na madrugada de 9 de agosto de 1969 e existem alguns diferenciais na maneira com que os assassinatos são retratados.

Uma dessas diferenças é que a trama é narrada praticamente toda do ponto de vista das vítimas, enquanto algumas das obras mais recentes sobre o assunto se preocupam mais em mostrar a família Manson. A segunda diferença é que nem tudo que aparece no filme aconteceu de fato, alguns dos assassinatos são diferentes do que aconteceu na vida real e alguns momentos também.

Talvez a ideia de O Perigo Bate à Porta fosse justamente apresentar uma versão mais criativa dos assassinatos, mas a proposta não faz muito sentido, porque se a ideia é retratar um caso real, a lógica é mostrar o que realmente aconteceu. A partir do momento em que o roteiro está disposto a inventar alguns aspectos da história, é muito mais fácil criar uma trama com personagens novos e não reais.

Abigail e Sharon
Abigail e Sharon

Por que ainda estamos falando desse caso?

É verdade que o caso Tate-LaBianca foi chocante e marcou o final da década de 1960 de maneira negativa, a família Manson é conhecida por quase todo mundo, inclusive por pessoas que não se interessam por crimes reais. Mas, nos últimos anos, o cinema produziu praticamente uma coleção de filmes sobre o assunto, então a questão que permanece é: por que os crimes da família Manson ainda interessam mesmo depois de mais de 50 anos de acontecidos?

Uma das respostas para isso é porque, em geral, o ser humano tem curiosidade sobre coisas escabrosas, crimes brutais e violentos, e mais ainda, quando eles são reais, justamente porque é natural se questionar os motivos ou como alguém é capaz de cometê-los. Os crimes da família Manson têm outros pontos que podem chamar a atenção: a tragédia que envolve uma linda e jovem atriz, grávida de oito meses, de um cineasta que estava estourando, o término de uma década de esperança, os assassinatos terrivelmente brutais, um psicopata extremamente convincente e a pergunta eterna do porquê e como tantos jovens se envolvem em um crime tão horrendo.

A questão é válida e a curiosidade também, mas depois de tantos anos e com tantas informações que já recebemos sobre o caso, ainda existe o que descobrir no que é, provavelmente, o crime mais famoso da história? Mais do que isso, boa parte dos filmes que reencenam esse crime não está interessada em retratar o crime como ele de fato aconteceu, mas sim, criar novas versões em cima da tragédia. Será que o cinema já não explorou demais um acontecimento terrível que matou sete pessoas?

O filme O Perigo Bate à Porta não tem nada a acrescentar sobre os crimes ou a investigação
O filme não tem nada a acrescentar sobre os crimes ou a investigação

Aspectos técnicos de O Perigo Bate à Porta

Em termos de roteiro, este é um filme bem fraco, isso porque ele não tem praticamente nada a acrescentar em relação ao caso Tate-LaBianca ou a investigação que se seguiu, ainda que o telespectador não saiba absolutamente nada sobre o crime, ele não vai aprender muita coisa aqui, já que boa parte dos acontecimentos mostrados são inventados.

Ele se sai bem nas suas caracterizações, as roupas realmente parecem dos anos 1960 e o elenco está relativamente parecido com as pessoas que eles retratam. O filme faz uma diferenciação entre a família Manson e as suas vítimas: a família aparece sempre em lugares escuros, com roupas simples, cabelos escorridos jogados no rosto, o que claro, deixa os atores parecidos com os membros da família, enquanto as vítimas aparecem sempre no claro, usando roupas claras e mais dentro da moda da época e com cabelos arrumados e que deixam os rostos à mostra.

A caracterização é bem feita
A caracterização é bem feita

Existe uma certa tensão em O Perigo Bate à Porta, que se dá na expectativa de quando exatamente a família Manson vai invadir a casa onde Sharon e seus amigos estão, já que boa parte da audiência sabe desde o começo que eles vão entrar e o que vai acontecer. O filme tenta nos surpreender dando mortes diferentes a esses personagens, mas tudo parece sem sentido.

A produção pode até ter boas intenções, mas soa como mais um filme disposto a explorar um assassinato terrível sem ter nada a acrescentar e nem ter a boa vontade de narrar o que realmente aconteceu.

O Perigo Bate à Porta

Nome Original: Wolves at the Door
Direção: John R. Leonetti
Elenco: Katie Cassidy, Elizabeth Henstridge, Adam Campbell, Miles Fisher, Jane Kaczmarek
Gênero: Terror, Thriller
Produtora: New Line Cinema
Distribuidora: Warner Bros.
Ano de Lançamento: 2016
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