O Tio

Com a chegada de seu tio, Camilo (Chico Neto), Bárbara (Gabriela Hamati) se sente cada vez mais incomodada e perturbada por ele e vai se tornando cada vez mais fechada.

A trama de O Tio é tão simples, que até parece que faltou criatividade ao roteirista – que também dirige o filme. Bárbara é uma jovem independente e cheia de vida, mas cuja personalidade muda completamente depois que seu tio, Camilo, chega para passar um tempo na casa da jovem. Bárbara fica calada, medrosa, assustada e seus amigos não a reconhecem mais.

Boa parte do longa se dá no apartamento da moça, onde acompanhamos a tensão entre ela e Camilo crescendo. Esse elemento do filme é, de fato, bem trabalhado, porque o telespectador sente a opressão que ronda aquele ambiente e percebe que tem alguma coisa estranha acontecendo ali.

Mas o filme se resume basicamente a isso, não existe qualquer desenvolvimento para além da relação de Barbara e Camilo e de como ela é potencialmente perigosa. A tensão se faz presente, mas falta explicação, falta uma trama mais forte, que pelo menos deixasse a plateia vagamente empolgada.

A relação

O principal mote de O Tio é a relação entre Bárbara e Camilo, que é péssima desde o começo. O longa não fala com todas as letras em momento nenhum o que exatamente acontece entre os dois, mas insinua muitas coisas.

Camilo é um homem exigente, que reclama que a sobrinha saia, embora não seja possível notar nenhum vínculo mais profundo entre os dois ou sequer uma preocupação ou um cuidado de Camilo para com Bárbara. Ele é um homem sinistro, que ronda a sobrinha e parece espioná-la, o que faz a plateia inferir que existe alguma espécie de abuso sexual acontecendo, mas a trama nunca confirma nada e fica tudo a cargo da nossa imaginação.

O filme fica um pouco mais claro com o tempo, mas a revelação é um tanto quanto boba, o que não ajuda o resultado final.

Aspectos técnicos de O Tio

O Tio é um filme pequeno e simples, que se passa quase que inteiramente dentro do apartamento de Bárbara, o que coloca o telespectador praticamente dentro da vida da protagonista. O elenco também é pequeno e o filme aproveita da técnica das filmagens caseiras, que ajudam demais produções que não tem equipamentos muito avançados.

O longa tem uma sinopse um tanto quanto simples, que até poderia ser interessante se ele trabalhasse melhor o seu aspecto de terror psicológico. Existe tensão entre Barbara e Camilo e percebe-se que o tio é uma figura ameaçadora, que apavora a sobrinha, mas boa parte disso é demonstrado através de olhares e isso não é muito bem-feito. O filme também não tem muitos diálogos, e o que mais vemos é Barbara olhando para o nada, parada no meio do apartamento ou mexendo no seu celular, o que claro, deixa o filme muito tedioso.

A atuação de Gabriela Hamati é mediana, não é péssima, mas também não é boa, já Chico Neto se sai muito mal, parece que ele está lendo suas falas o tempo todo.

Embora com uma trama simples, O Tio até poderia ser um filme interessante se tivesse um roteiro mais bem trabalhado e uma produção mais cuidadosa.