Os Intocáveis (1987), obra prima do cinema de Brian De Palma

Brian De Palma segue fabuloso durante o auge de sua carreira, neste que é um de seus filmes mais importantes e um dos melhores no segmento de gângsteres, após O Poderoso Chefão.

Baseado no livro autobiográfico The Untouchables, de 1957, escrito pelo ex-agente idealista do FBI Eliot Ness, que no filme é estrelado por Kevin CostnerRobert De Niro como o chefão da máfia Al Capone e Sean Connery como o oficial de polícia de Chicago, Jimmy Malone. O longa segue o relato de Ness sobre os esforços dele e de seus Intocáveis ​​para colocar Capone atrás das grades durante a Lei Seca, encontrando entre ações bem investidas que nunca resultam em nada, a famosa brecha sobre o imposto de renda, que resultou na condenação do mafioso na época. 
Andy Garcia, Sean Connery, Kevin Costner e Charles Martin Smith
Andy Garcia, Sean Connery, Kevin Costner e Charles Martin Smith
É interessantíssimo notar como a obra não fica tão datada mais de 30 anos depois, com personagens que seguem além do estereótipo do cinema de seu tempo, criando curiosos contrastes de interação, principalmente o de pupilo e mestre entre Ness e Malone, com uma dinâmica vigorosa entre dois astros daquela fase, com Connery brilhando mais do que nunca, principalmente em sua cena chave próximo do final; enquanto que De Niro está mais à vontade do que nunca na figura empática e cínica de Capone, rodeados por um elenco inspirado, que conseguiu sorver certo espírito do western para crueza de algumas situações e da brutalidade de outros comportamentos, não poupando qualquer inocente pelo caminho.
Robert De Niro é Al Capone
Robert De Niro é Al Capone

Mas é no valor de produção que Os Intocáveis mais chama a atenção. Brian De Palma é muito feliz em suas decisões cinematográficas, muito refinado nas escolhas de tomadas e ângulos, como em alguns exemplos memoráveis, a começar pela primeira cena com uma tomada zenital que oculta a princípio a identidade de Capone cercado de seus homens e um barbeiro, que já estabelece a sua iconografia antes mesmo da história impulsionar; ou então da câmera subjetiva do carcamano que invade o edifício de Malone, note os detalhes de seus movimentos críveis, das escolhas que ele faz cômodo a cômodo, criando uma dupla tensão (quem sofrerá as consequências, o caçador ou o caçado?); e por fim, não menos importante, a melodramática e incrível cena final na estação, com o bebê no carrinho rolando escada abaixo, enquanto dois agentes compõem um gesto simultâneo pra matar e salvar ao mesmo tempo, num primor absurdo e belo de se acompanhar, homenageando O Encouraçado Potemkin.

Os Intocáveis segue assim, um filme de seu tempo, falando do passado e ainda dando lições cinematográficas para o futuro, com um roteiro redondinho do grande David Mamet, embalado pela trilha sempre magnífica do imbatível Ennio Morricone. Um filme intocável, sem o perdão do trocadilho.

Os Intocáveis

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