Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Um tratado sobre luto e a superação, essa continuação consegue ser melhor do que o original em todos os aspectos, mesmo com o enorme buraco deixado por Chadwick Boseman.
O diretor Ryan Coogler consegue entregar uma história honesta e poderosa, que é ao mesmo tempo fiel aos fatos – que são mantidos na ficção, sem qualquer constrangimento – e vibrante quando escolhe seguir adiante, servindo tanto como um filme-tributo ao protagonista falecido, quanto um avanço no próprio enredo, que é sim mais contido se olharmos para o MCU, mas também dentro de seus contextos.
Com uma ficção científica primorosa, sequências de ação muito bem desenvolvidas e de encher os olhos, Wakanda Para Sempre sabe equilibrar thriller político, guerra e drama na medida certa, enquanto apresenta ao público o reino subaquático de Talokan, que é tão rico em mitologia e figuras quanto foi Wakanda no primeiro longa. Namor é um adversário com presença, propósito e profundidade (sem trocadilhos), muito bem incorporado por Tenoch Huerta. Os gestos e a linguagem do seu povo geram ecos curiosos o tempo todo com a nação inimiga, que mesmo tão distinta, apresenta ter mais em comum do que se imagina.
Wakanda Para Sempre
Muito dos trunfos da produção, vão além dos belíssimos figurinos, ambientações e fotografia, se apoiando em seu forte elenco, a começar pela sempre poderosa Angela Bassett, que tem as melhores falas do filme. Letitia Wright e Lupita Nyong’o são o coração da história e seguram a ponta muito bem. A Danai Gurira e Winston Duke são oferecidos os momentos de maior leveza e respiro cômico, mas também os melhores embates. A surpresa ainda fica por conta de Dominique Thorne, que faz de sua Riri Williams uma personagem tão cativante quanto uma Kamala Khan e promete bastante para o futuro da Marvel.
A figura do Pantera Negra é deixada de lado por maior parte da trama, o que seria incomum em qualquer outra continuação, mas que aqui faz sentido, e o roteiro e a direção contam com o bom senso e compreensão do público. Quando o herói ressurge em novo manto, é recompensador, mas no final das contas, não é o que importa. São todos os personagens ao redor que fazem valer sua iconografia e manter a força de Wakanda nas telonas e para muito além dela. Valeu, Chadwick. Para sempre.