Pinóquio live-action

Em mais um live-action dos clássicos da Disney, temos uma representação quase que integralmente fiel ao Pinóquio original (o que leva muitos a debater, então por que essa nova versão?), mas morna na condução (temos aqui o Robert Zemeckis dos medianos O Expresso Polar e Os Fantasmas de Scrooge, não o dos primorosos De Volta para o Futuro ou Uma Cilada para Roger Rabbit), que trai a sua própria premissa e mensagem ao mudar o final, não só do clássico, como da obra de Carlo Collodi.

Tom Hanks e Joseph Gordon-Levitt se divertem bastante em seus papeis de Gepetto e Grilo Falante, enquanto o jovem Benjamin Evan Ainsworth mantém a fofura esperada do protagonista. No mais, o restante do elenco tem pouco tempo de tela, com personagens do original perdendo espaço e novos surgindo, mas com pouca função narrativa. Os efeitos especiais estão ok para o padrão Disney dos últimos anos e o roteiro muda pouquíssima coisa se comparado ao original, com uma nova canção aqui, uma cena a menos ali, mas no geral é o mesmo filme… até quando deixa de ser.

Pinóquio live-action

Não julgo uma história só pelo final (ou só pelo meio, ou só pelo começo, mas sim pelo conjunto da obra), mas é importante ressaltar que a mudança, completamente gratuita, surge sem razão. O que se passou na cabeça de Chris Weitz (que co-escreve ao lado de Zemeckis), é um mistério. E caso se incomode com spoiler leve, fica o aviso: Pinóquio não se torna um “menino de verdade” (que é o motivo de sua jornada, que é a história que foi contada até aqui, é a sua recompensa final), mas Gepetto o reconhece como tal, numa questão simbólica. Por quê? Eu não consigo entender. Se fosse uma decisão movida a detalhes polêmicos do passado (como retirar os corvos, símbolos racistas do período, no live-action de Dumbo), ok, mas aqui parece uma alteração com fins de surpreender o público? Acredito que o efeito tenha sido o contrário.

Mas meu sobrinho de 7 anos adorou e é isso o que importa (agora é mostrar o original para ele). O filme é decente, até seu minuto final, então também vale como entretenimento pontual. Só que tal qual a resolução do pobre protagonista apresentada no desfecho, esse realmente não é um Pinóquio de verdade. Que Del Toro nos salve.

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