Planeta dos Macacos: O Reinado (2024)

Com primazia técnica, novo longa da franquia discute legado e propósito.

Começando com uma cena de parkour no melhor estilo Uncharted, Planeta dos Macacos: O Reinado já mostra em seus primeiros minutos seu primor técnico, seja nos vastos cenários pós apocalípticos permeados por vegetação e ferrugem, seja nos efeitos visuais dos macacos. 

No momento em que se passa a história, os macacos são a espécie dominante. Os humanos, com pensamentos menos desenvolvidos e já sem o poder da fala, são escassos e cada vez mais difíceis de serem encontrados. Nesse contexto, o protagonista Noa (Owen Teagues) tem sua vila invadida e destruída por outro grupo de macacos, liderados por Proximus César (Kevin Durand). E assim, parte numa jornada de vingança para encontrar sua mãe e seus amigos que foram capturados. No trajeto, encontra Raka (Peter Macon), um macaco que vive sob o legado de César, e também Mae (Freya Allan), uma humana que parece apresentar uma inteligência mais aguçada do que o padrão.

É quase impossível começar a falar desse filme sem mencionar sua captura de movimentos Atualmente, uma das maiores dificuldades em se recriar digitalmente atores, ou em rejuvenesce-los, está na retratação do olhar. Na maioria das vezes, mesmo quando o efeito está bom, o personagem apresenta olhos de “peixe-morto” ou algo até difícil de descrever, que entra no  famoso vale da estranheza e acaba gerando um certo desconforto nos telespectadores.

Porém aqui, os macacos são extremamente expressivos e é possível notar em seus rostos diversas nuances e até emoções mínimas. Desde o primeiro filme dessa nova leva (Planeta dos Macacos – A Origem, de 2011), a captura de movimentos encabeçada por Andy Serkins – nosso eterno Gollum – extrai o máximo do que a tecnologia pode oferecer e nos oferece um deleite visual, chegando em seu ápice em Planeta dos Macacos: O Reinado.

Wes Ball – diretor da trilogia Maze Runner – mesmo com a difícil tarefa de continuar a franquia após dois ótimos filmes dirigidos por Matt Reeves (The Batman), conseguiu se mostrar à altura e entregou um material que, além do excelente visual, também tem uma ótima história. Mesmo que ainda verborrágica – se trata de uma reintrodução do universo e deve explicar como o mundo chegou ao ponto em está – discute legado e as contradições das espécies, nos levando à principal pergunta – será que macacos e humanos poderiam, de fato, coexistir?

César, um título imperial romano que se capilarizou em diversas línguas e impérios ao longo do tempo. Czar. Qaysar. Um nome atribuído a imperadores e à grandeza. O nome do primeiro sábio entre os macacos. 

Em gerações futuras, sua existência torna-se quase uma lenda. Um messias do conhecimento. Aquele que pregava a compaixão e a ideia de que humanos e símios poderiam coabitar o planeta.

Mas há aqueles que cometem atrocidades e guerras em seu nome, distorcendo seus ideais para justificar interesses particulares. Pior, utilizam-se de seu nome como se fosse um título, quase que de forma messiânica. 

Lembrou de algo?

Apesar de alguns breves momentos de ação, o longa foca mais no desenvolvimento do mundo e dos personagens, construindo de forma gradual sua tensão. A lentidão em si não é ruim, mas sua extensa duração (2h25) pode deixar o filme arrastado para alguns. Talvez, com uns 15 minutos a menos, a história ficasse mais dinâmica sem perder substância.

O final ainda dá uma piscadela para os filmes clássicos e deixa uma grande abertura para o futuro da franquia.

Mal posso esperar.

Nome Original: Kingdom Of The Planet Of The Apes
Direção: Wes Ball
Elenco: Owen Teague, Freya Allan, Peter Macon
Gênero: Aventura, Ficção Científica
Produtora: Oddball Entertainment
Distribuidora: 20th Century Studios
Ano de Lançamento: 2024
Etiquetas
Botão Voltar ao topo
Fechar