Red: Crescer é uma Fera

Animado, histérico e super colorido, essa nova animação da Pixar tem uma vibe super pra cima, honestamente direcionada para adolescentes ou mulheres que viveram a juventude na virada dos anos 2000, ainda que as sátiras funcionem para todos os públicos. De boy bands a Tamagochi, Red: Crescer é uma Fera remete bastante a Sexta-Feira Muito Louca (trocando Lindsay Lohan por uma sino-canadense que é a cara da Mônica), mas tem algo ali também de De Repente 30 (substituindo a versão adulta da Jennifer Garner por um panda vermelho).

Produzido totalmente por mulheres (com asiáticos nos bastidores, aliás), toda essa feminilidade fica honestamente evidente nas figuras que saltitam pela tela, da linguagem corporal aos diálogos e dos sentimentos expressos tanto pelas meninas quanto pelas mulheres adultas. Domee Shi (do elogiado curta Bao), escreve e dirige esse filme enérgico e divertido, mantendo a alta qualidade gráfica da Pixar com elementos típicos dos animes (principalmente nas expressões, deixando a identidade dessa animação mais singular), que faz sim piadas com menstruação, o poder da amizade e hormônios explodindo, mas que tem como tema principal a relação de mãe e filha, da figura controladora e do ícone rebelde e de como as duas podem aprender a lidar com essa fase de sair de baixo da saia e amadurecer.

Red: Crescer é uma Fera

Red: Crescer é uma Fera

Nesse segmento, Red tem muito parentesco com Valente, que prometia ser uma obra sobre a autonomia feminina sem depender do patriarcado (algo que somente Frozen e Moana realmente atingiram), mas que ao tentar replicar Irmão Urso, acabou falando justamente do mesmo assunto, dessa vez colocando a mãe como uma fera. Mas distanciadas pelo período e séculos, Merida e Mei Mei lidam com a questão de maneira diferente, o que torna ambos os filmes iguais, porém diferentes, ainda que Red: Crescer é uma Fera seja muito superior.

Da trilha pop irritante típica das boy bands, passando pelas tradições chinesas, o longa oferece animadas sequências situacionais, seja da protagonista como panda na escola, seja numa festinha na casa dos amigos, ou então se deparando com um desafio do nível do Godzilla para seu clímax emocional. Assim, a Pixar vem entregando as transformações como veículo de auto-ajuda (vide os meninos-peixe em Luca, ou o professor de jazz virando fantasminha em Soul), deixando seu legado emblemático para trás, enquanto abraça seu lado mais Disney. Sem problemas por sinal, contanto que a sessão seja agradável, como é.

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