Resgate – Brutal e catártico, ultraviolência e paternidade
Joe Russo, um dos irmãos responsáveis pelo grande desfecho da Marvel nas telonas, se baseou nos quadrinhos “Ciudad” de Ande Parks para escrever a história de Tyler Rake, mercenário contratado para resgatar o filho do maior traficante da Índia, que acabou no meio de uma guerra do pai com o maior traficante de Bangladesh.
Para isso, o produtor colocou Sam Hargrave na cadeira de diretor, estreando de maneira bastante impressionante na função. Sempre com sua câmera nervosa em mãos, permite que seus atores realizem sequências formidáveis de combate e tiroteio. Realmente de tirar o fôlego, e em certo nível, remete a duologia “Tropa de Elite” pela escala de crueza.
É justamente no segundo ato de Resgate que Hargrave prova seu valor, com um plano-sequência de mais de 20 minutos pelas ruas e prédios de Dhaka. Certamente de encher os olhos e se prender à cadeira, em uma ação enervante, urgente e sufocante que a todo momento serve ao enredo. Mesmo com muitos miolos voando pela tela e sangue escorrendo pelas bordas, a violência não é gratuita, mas inevitável.
Resgate
Para tanto, Chris Hemsworth, que vem se provando mais versátil a cada filme, mostra seu outro lado além da comédia. Sua fisicalidade surpreendente e certa carga dramática, encontram em Rudraksha Jaiswal um contrapeso ideal. David Harbour faz uma ponta óbvia, mas é sempre divertido reencontrar o ator por aí. Destaque ainda para a iraniana Golshifteh Farahani e o indiano Randeep Hooda, com papéis de suporte fortíssimos, mostrando o talento de figuras fora do circuito tradicional, que felizmente Russo sabe valorizar em sua produção.
Sequestro, conflito de gangues, supremacia de traficante sobre uma cidade, amigo traidor e destinos trágicos, o público já viu essa história antes, mas é a maneira que ela é narrada que faz toda a diferença. Colocando a paternidade como pano de fundo (em quatro frentes opostas: do protagonista, do pai da vítima, do vilão e do aliado), Resgate ainda oferece uma carga emocional em meio a brutalidade, equilibrando o jogo, enquanto entrega um entretenimento visceral.