Skin – À Flor da Pele, com Jamie Bell
Bryon Widner é um jovem que foi criado por skinheads notórios na comunidade de supremacia branca. Decidido em mudar sua vida, ele vira as costas para todo o ódio e a violência que foi ensinado, com a
ajuda de um ativista de direitos negros.
O filme do diretor/roteirista Guy Nattiv não é exatamente uma versão longa-metragem do seu curta vencedor do Oscar, mesmo com o mesmo título e mesmo apresentando o confronto entre supremacistas brancos e ativistas negros. A principal diferença é que o longa foca mais na trajetória em busca de redenção do personagem principal.
Jamie Bell (Billy Eliott) está praticamente irreconhecível por baixo das dezenas de tatuagens e tem aqui um ponto alto em sua carreira mostrando tanto uma arrogância/força assustadoras, quanto bondade e ternura ao se apaixonar por Julie Price (Danielle Macdonald).
Skin – À Flor da Pele
A história de Widner já foi tema do documentário “Erasing Hate” de 2011. Assim, o longa mostra o papel de liderança e lealdade que Widner tinha ao Vinlanders Social Club e como seus conceitos começam a vacilar perante as ações cada vez mais violentas do grupo.
Grupo esse liderado pelo casal Fred “Hammer” Krager (Bill Camp), supremacista branco com aspirações políticas e Shareen Krager (Vera Farmiga, ótima por sinal) manipuladora e ao mesmo tempo acolhedora já que o casal busca em jovens sem rumo novos membros para a sua família. Dessa forma, em troca de casa, comida e trabalho, eles conseguem novos seguidores para sua distorcida visão de mundo.
Mudanças
Ao se aproximar de Julie e conviver com suas filhas, Widner se distancia do grupo e começa a questionar seu modo de pensar e ações. Mas como liderança principal, reconhecido publicamente como racista, sua transição para uma vida normal não é tão fácil. Ainda mais com seus antigos companheiros desconfiando de sua lealdade ao clube, o que torna a situação extremamente perigosa.
Sem ver uma saída, Widner pede ajuda a Daryle Jenkins (Mike Colter) ativista negro que trabalha em uma ONG que ajuda tanto vítimas de crimes de ódio quanto supremacistas que tentam sair de organizações racistas em troca de informações que possam levar esses grupos à justiça.
Aspectos Técnicos
O longa trabalha muito bem a sensação de prisão que o personagem principal sente, sempre usando planos em closes extremamente fechados e uma paleta de cores mais frias; planos mais abertos são apenas utilizados em sequências em que Widner se sente livre, ou seja, com Julie e as filhas. A tensão é muito bem colocada em grande parte do filme e algumas cenas são extremamente perturbadoras. O destaque vai para o ataque à mesquita e as sessões de retirada das tatuagens do corpo de Widner.
Sendo assim, em um mundo cada vez mais extremista, Skin sugere que se alguém tão fisicamente e psicologicamente arraigado pelo ódio pode buscar redenção mudando seus valores, ainda podemos ter esperança que outros busquem esse mesmo caminho. O filme tem estreia prevista para o dia 21 de Maio de 2020.