Skinamarink – Canção de Ninar
Um terror experimental
Os irmãos Kevin (Lucas Paul) e Kaylee (Dali Rose Tetreault) acordam uma noite e descobrem que o pai deles (Ross Paul) sumiu e que todas as portas e janelas da casa também desapareceram.
Enquanto eles tentam entender o que aconteceu, outros objetos, móveis e cômodos da casa começam a desaparecer aos poucos.
Um pesadelo
A trama de Skinamarink – Canção de Ninar é relativamente simples, ainda que seja criativa e quase surreal. A história, que nos é contada através de vozes, acompanha dois irmãos que acordam e notam que o pai deles desapareceu, mas a casa onde eles moram também começa a se manifestar de maneira estranha, seja com o sumiço de janelas e portas, ou com uma presença estranha que parece rondar o local.
Como os protagonistas são crianças, o filme soa como um pesadelo infantil, onde tudo é meio maluco, até sem sentido, mas muito assustador. Ele, aliás, remete a medos bem comuns entre as crianças, como o sumiço dos pais, a presença de alguma coisa assustadora embaixo da cama, situação que é aludida durante o filme, o escuro, entre outras coisas.
Nesse sentido, o filme é sim, assustador, não porque ele mostra muita coisa – ele mal mostra seus protagonistas, na verdade -, mas porque tem um clima de tensão e de medo, é até difícil apontar o que exatamente é assustador aqui, mas o telespectador passa o filme todo em sobressalto, na expectativa de que algo terrível vá acontecer ou aparecer em cena.
A forma
Mas o que mais chama atenção em Skinamarink é a sua forma, ele é um filme completamente experimental, que mostra cenas aleatórias da casa, filmadas de maneira quase amadora e que parecem antigas, com eventualmente algumas cenas de brinquedos e dos personagens, que nunca aparecem totalmente.
A história se dá pelos diálogos entre as crianças e algum personagem adulto com quem eles conversam, como o pai, a secretária eletrônica, e as atendentes da emergência para quem eles ligam em determinado momento.
É impossível não notar que este é um filme bem original, o formato do longa também ajuda a criar um clima de mistério e de suspense que potencializam o terror, mas ele também é um tanto quanto confuso, já que a história se dá unicamente por diálogos, que nem sempre são muito claros.
Aspectos técnicos de Skinamarink – Canção de Ninar
O grande diferencial de Skinamarink é o seu formato, ainda que a trama seja relativamente criativa. No entanto, como o seu formato é original e até inovador, a sua execução é bem simples, o filme consiste basicamente de cenas no estilo found footage, que mostram a casa dos irmãos. As imagens são até granuladas e de qualidade bem ruim, como imagens da década de 1990, que é a época em que o longa se passa.
A ideia do filme de terror é ser assustador e o filme se sai bem nesse quesito: a produção é realmente assustadora e perturba porque não é possível apontar porque exatamente estamos assustados ou o que está acontecendo com os irmãos.
As crianças, que mais usam suas vozes do que a atuação propriamente dita, estão ótimas, elas sussurram e falam de maneira assustada, o que dá toda uma dimensão para o filme, já que a história é contada por imagens desconexas e pelos diálogos das crianças.
Mas ao longo do filme, essas várias imagens começam a ficar cansativas, um filme de terror que não mostra tudo é sim, interessante, mas um filme de terror que não mostra nada, se torna maçante. Skinamarink constrói muito bem a tensão, mas não sabe como seguir com esse clima, e acaba se perdendo aí.
A proposta de Skinamarink é muito diferente e inovadora e, nesse sentido, vale a pena, a execução, por outro lado, não é tão boa e tudo acaba soando desperdiçado. Skinamarink- Canção de Ninar chega aos cinemas no dia 23 de março.