Stranger Things – 4ª temporada
Amadurecendo a narrativa e seus personagens, o enredo de Stranger Things – 4ª temporada é o mais brutal da série até agora. Claro que nenhuma temporada consegue superar o brilhantismo da primeira, mas essa quarta bate na trave, principalmente com o foco do núcleo em Hawkins, que realmente faz a história andar e entrega os melhores momentos.
Muito mais conscientes do grande produto de cultura pop que criaram, os irmãos Duffer concebem cenas marcantes e épicas (como o solo de guitarra em meio ao pandemônio, o easter-egg com IT, ou a clássica sequência da molecada andando de bike rumo a uma aventura que pode não ter volta), embalando tudo com a trilha sonora do período (1986) e as referências daquele ano, que já se tornaram expectativa entre os fãs.
Entre os vários tributos, um dos que melhor funciona é com A Hora do Pesadelo, e Vecna não só é um ótimo vilão (e com um background de negativo a Onze interessantíssimo), como também serve para referenciar Freddy Krueger de alguma maneira.
Stranger Things – 4ª temporada
O senso de perigo aumenta em escala nesse quarto ano, com mortes terríveis, graficamente falando, e acenos mais ousados para destruição dos núcleos principais, não só coadjuvantes (mas ainda fica no “quase”, não chegam a ser tão corajosos a ponto de matar). Mesmo os episódios mais longos em duração, como os dois últimos, não são cansativos de se assistir, porque o entretenimento é escapista, com situações pontuais e misteriozinhos cativantes, mesmo que algumas passagens aparentem, claramente, terem sido realizadas apenas pelo bafafá que gerariam nas redes sociais.
O ponto fraquíssimo dessa temporada, por sinal, fica com o núcleo do Hooper. Sua falsa morte já não tinha funcionado no ano anterior, pois os próprios criadores tinham revelado o destino do personagem em uma desnecessária cena pós-créditos, que esvaziou o sentimento de luto que eles tinham construído até ali.
A viagem de Joyce e Murray até a União Soviética, além do pequeno elenco russo, até oferece momentos divertidos (incluindo aquele belo tributo a Conan), mas se você retirar todos os momentos com ele, nada muda na série e tudo continua igual, mostrando que esse filler é pobre, mal feito e chato, mas paciência, pois todos os outros núcleos tem algo a dizer, a acrescentar, inclusive do retorno de Onze às instalações que a originaram, e que ampliam a mitologia da série, até culminar nos grandes momentos finais.
Stranger Things 4, mesmo tropeçando aqui e ali, ainda é um dos maiores produtos da cultura pop atual mundial, conseguindo emocionar, fazer rir e cativar, que é o mínimo que se espera de produções desse tipo. E que venha mais, porque ver Dustin, Mike, Nancy, Steve, Lucas, Onze, Max e Will, nunca é demais.
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