Terrifier: O Início
O primeiro filme de Art, o Palhaço
Sarah (Katie Maguire) está trabalhando como babá na noite de Halloween e encontra no saco de doces de uma das crianças uma fita VHS. A fita mostra três curtas metragens de terror, que narram histórias diferentes, mas que se conectam em função da presença de Art, o Palhaço (Mike Giannelli).
Enquanto os curtas ficam cada vez mais perturbadores e perversos, Sarah percebe que o perigo não está assim tão longe dela.
Os curtas-metragens
Terrifier: O Início é basicamente uma antologia de curtas de terror, mas ao invés de os mostrar separados, ele os liga através de outra história de terror. Como não podia deixar de ser, Terrifier: O Início se passa no Halloween, e acompanha Sarah, uma jovem que está trabalhando como babá. Depois que ela e as duas crianças (Sydney Freihofer e Cole Mathewson) voltam para a casa cheios de doces, ela encontra uma fita VHS no meio dos doces e eles resolvem assistir.
A fita então, mostra três curtas metragens, cuja única coisa em comum é a presença de Art, o palhaço, personagem que, mais tarde, ganharia sua própria franquia.
O primeiro curta acompanha uma jovem (Kayla Lian) sequestrada por Art, que acorda em um lugar sinistro e encontra um grupo de mulheres; o segundo segue uma moça (Catherine A. Callahan) que acabou de se mudar para o interior e se depara com uma criatura na sua nova casa; e o terceiro e último acompanha uma jovem (Marie Maser) que é perseguida por Art.
Sangue, sadismo e mulheres perseguidas
Terrifier: O Início segue a tradição de Terrifier e Terrifier 2, embora não possa ser considerado um filme slasher, ele bebe um pouco nessa fonte e é gore. O filme aposta nas mutilações, violência extrema e muito sangue para prender a atenção de seu público, e a ideia nem parece ser assustar, mas sim, enojar a audiência.
Mas tem uma curiosidade perturbadora presente em todos os filmes da autoria de Damien Leone: a maioria das vítimas são mulheres e elas sempre são perseguidas, aterrorizadas e mortas de maneira muito cruel. Terrifier: O Início não podia ser diferente, os três curtas apresentados são protagonizados por mulheres, as criaturas que as perseguem e as mutilam mudam, mas o que vemos em cena é sempre uma mulher em situação limite. Como bônus ainda existe a história de Sarah, que obviamente não vai sair impune do longa.
Também é importante ressaltar que o filme não poupa a crueldade, essas mulheres são sequestradas, perseguidas, torturadas, estupradas, mutiladas e, em um momento um tanto quanto bizarro, vítimas não só de violência física, mas também de slut-shame.
Seria natural que Terrifier: O Início, que é um filme de terror, se beneficiasse da violência e das cenas de tortura e medo, mas é sintomático que as personagens que mais sofrem em cena são personagens femininas, e que nesse aspecto, o longa não se comporte como um slasher tradicional, onde a sobrevivente, geralmente, é uma mulher.
Aspectos técnicos de Terrifier: O Início
Terrifier: O Início é, como o título brasileiro deixa claro, o primeiro filme em que Art, o Palhaço aparece, e os conceitos dos três filmes são relativamente parecidos, mas esse primeiro longa parece menos amador que Terrifier. Este não é um filme cheio de efeitos, é um filme pequeno, com pouco orçamento, mas ele funciona, e os efeitos não soam absurdos, como acontece nas sequências.
O roteiro também é vagamente interessante, a ideia de apresentar três curtas-metragens com histórias diferentes e que podem assim, explorar aspectos diversos do terror também é boa, mas nenhum curta é especialmente criativo e todos eles cometem o erro de brutalizarem demais suas personagens femininas, o que é um problema. Claro que o filme é incômodo em um nível de filme de terror, mas ele também é incômodo de uma maneira geral, em função dessa decisão.
A produção toma alguns cuidados com seus elementos técnicos, como por exemplo, a fotografia que é diferente nos curtas-metragens e na trama de Sarah, e é assim que a audiência sabe qual trama está acompanhando. As atuações também são boas, em muitos aspectos, até melhores que as atuações dos filmes feitos depois, uma atuação que não é tão boa é a de Mike Giannelli, não que ele esteja ruim no filme, mas David Howard Thornton, que passou a interpretar Art depois, é melhor.
Como acontece com todos os filmes da franquia, Terrifier: O Início parece ser muito mais um filme para chocar e perturbar do que para assustar, ele funciona em uma certa medida, mas não é exatamente um bom filme de terror e a impressão que a audiência tem é que toda a violência e a crueldade desviam a trama de uma das poucas coisas no filme que é realmente sinistra: o palhaço.