The Last of Us – 1ª temporada

The Last of Us é um drama de sobrevivência que investe na relação pai e filha, repetindo de maneira honesta inúmeros clichês do gênero.

Segundo os fãs dos jogos criados por Neil Druckmann – ao lado do produtor Craig Mazin (do excelente Chernobyl) –, essa é uma das melhores adaptações de um game já realizado. Independentemente dessa “verdade absoluta” imposta pela fanbase, temos aqui um produto decente, colocando um homem repleto de traumas que leva uma garota que pode conter uma cura para a zumbificação das massas (aqui a desculpa da vez envolve fungos e o termo “zumbi” não é assumido), em um cenário pós-apocalíptico.

Se você pensou em O Livro de Eli, Extermínio e A Estrada, pensou direito, pois The Last of Us une elementos e estereótipos bem típicos dessas três produções, aliadas a tantas outras que já vimos por aí (inclusive The Walking Dead, onde o que importa não são os monstros, mas as pessoas, aquele discurso de sempre). O roteiro enxuto promete menos do que a campanha de marketing (e o delírio coletivo dos fãs e influenciadores, que já decidiram que essa é a “obra definitiva” de 2023, minha nossa), focando na relação dos ótimos Pedro Pascal e Bella Ramsey – os maiores tributos dessa série residem justamente na qualidade dessa dupla. O elenco num todo está ótimo, assim como o trabalho de direção e fotografia.

The Last of Us

Sem ter muito a dizer, a história se arrasta por 9 episódios (onde apenas cinco tem algo realmente relevante), com destaques interessantes para o terceiro, o quarto, o quinto e o penúltimo, alternando entre ataques de “zumbis” e de pessoas mal-intencionadas (dependendo do ponto de vista). A sagacidade do roteiro, tanto do jogo original quanto da série, está justamente em, algumas vezes, mostrar que as aparências enganam e que há sempre mais de um ponto de vista para se considerar. Nossos protagonistas não são “heróis” (mesmo que a embalagem ainda os venda assim e passe pano para alguns de seus atos), são pessoas e, portanto, falhos. Aqui, assim como acolá, é cada um por si e, portanto, sobrevive aquele que fizer a melhor escolha. Ou sacar mais rápido.

Sendo, mais uma vez segundo os fãs, uma “adaptação extremamente fiel ao game”, fica a questão de por que precisamos de uma série de The Last of Us, se o jogo já basta? Essa pergunta se anula em si mesma, pois a série foi feita e eu, como não-jogador, a consumi de maneira não enviesada, enxergando nessa produção muitos elementos reconhecíveis dentro do gênero, que tem sim seu valor e seus méritos, mas que jamais se destaca em qualquer sentido. Ela é o que é, dentro de sua simplicidade, um programa de domingo feito com paixão, mas não vai além. Não importa o quanto a fanbase esperneie.

Nome Original: The Last of Us
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Anna Torv, Lamar Johnson, Melanie Lynskey
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Produtora: PlayStation Productions, Sony Pictures Television
Disponível: HBO Max
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