Tudo o Que Tivemos, uma família dividida pelo presente
Em Tudo o Que Tivemos, Bridget (Hillary Swank) é uma chefe de cozinha na Califórnia que precisa voltar para Chicago, sua cidade natal, quando sua mãe doente desaparece durante uma nevasca. Acompanhada da filha adolescente Emma (Taissa Farmiga), ela foi chamada para tentar solucionar um impasse familiar: decidir o futuro da mãe Ruth (Blythe Danner), diagnosticada com Alzheimer.
De um lado, o pai teimoso, Burt (Robert Forster) que insiste que sua esposa está bem e deve permanecer em casa. Do outro, o irmão Nick (Michael Shannon) determinado a enviá-la para uma conceituada “casa de repouso”. E Bridget fica no meio, tentando encontrar uma saída para o conflito. Mas os ressentimentos podem tornar a difícil decisão quase impossível.
Unidos pelo passado, separados pelo presente
Tudo o Que Tivemos é um filme bem bonito que retrata uma família que poderia ser a família de qualquer um de nós. Pessoas infelizes em seus casamentos, filhos adolescentes que sentem a pressão de escolher uma carreira, doenças que acometem os mais velhos e fazem com que os mais jovens se reúnam depois de alguns anos sem nem mesmo conversar.
Assim como qualquer família, esta também vive envolta em cobranças. “Por que você está sem aliança?”, ou “Por que vocês não foram à missa?” são algumas delas. Mas há muito mais por trás disso. Cada um vive sua própria crise e tem que achar um meio para superá-la. Assim, a família atrapalha mas também ajuda…
Os dramas de cada um
Bridget casou com o primeiro namorado pois achou que não conseguiria nada melhor. Ou melhor, seu pai lhe enfiou na cabeça que aquele rapaz era perfeito para ela. Seu irmão Nick não aguenta mais a pressão do convívio com os pais, pois é quem mora mais perto. Além disso, seu casamento anda mal das pernas. Burt vive uma crise da terceira idade e compra um conversível. A filha adolescente de Bridget, Emma, é irônica e grossa e pensa em largar a faculdade.
Enquanto isso, a mãe de Bridget, Ruth, que tem Alzheimer, vive confundindo as datas e as pessoas. Tudo isso junto e misturado traz o retrato de uma situação complexa de família. Filhos que culpam os pais pela própria infelicidade, irmãos que nem sabem o que está acontecendo na vida um do outro e por aí vai.
As estrelas do filme
O elenco de Tudo o Que Tivemos está ótimo em cena. A família, apesar de todas essas crises, possui uma harmonia que convence o espectador. Hillary Swank sempre surpreende, pois seus papéis caem como luvas. Sua atuação é extremamente natural. Mas o destaque, na minha opinião, vai para Blythe Danner, que arrasa interpretando a senhorinha desnorteada pela doença.
O veterano Robert Forster também cumpre lindamente seu papel de eterno apaixonado pela esposa. Seus argumentos para que não internem Ruth são totalmente válidos e fazem Bridget e Nick ficarem num impasse sobre o que fazer com a mãe. Pois dependendo do que for feito, a vida do pai também acaba ali. No trailer mesmo vocês podem conferir o quanto é grande o amor desse homem por essa mulher.
Tudo o Que Tivemos
Este é o filme de estreia da diretora Elizabeth Chomko, que manda muito bem na direção e também assina o roteiro. Com essa trama familiar, muitos de nós podemos nos reconhecer em nossas próprias famílias, com seus dilemas e crises. E aqueles que tem ou já tiveram parentes com essa doença com certeza vão identificar algumas situações, até mesmo cômicas. Ainda bem que a vida é dura, mas consegue trazer alegria em momentos de tensão.
Tudo o Que Tivemos é uma linda e otimista história sobre o amor, o dever e a auto-descoberta. O filme vai te fazer rir e chorar, além de se identificar nos dramas de cada um. Entra em cartaz dia 02 de maio.