Última Cidade
Futurístico nacional
João (Júlio Adrião) e o andarilho Tahiel vagam pelo Nordeste até encontrar o homem que tomou as terras de João e foi responsável pela morte de sua família.
Distopia brasileira
Última Cidade não especifica em que época se passa, mas o longa tem um ar de distopia, como se tudo mais no mundo tivesse acabado. O que vemos em cena é um grande deserto repleto de areia e calor.
É por isso também que João busca a última cidade, a qual o título do filme se refere. Quando ele chega no local, vemos um cenário completamente diferente, uma cidade que se parece com qualquer cidade cosmopolita do mundo.
A trama, no entanto, não soa tão futurística quanto o cenário: o que João quer é se vingar de um homem que se apropriou de suas terras e matou sua família. Embora a opressão perpetuada por homens poderosos também seja comum em distopias, essa é uma história que não foge tanto assim da nossa realidade.
Sonhos e delírios
Última Cidade é narrado pelo próprio João, em voz over, portanto, o que o telespectador vê é o ponto de vista de seu protagonista. Mais do que isso, a plateia tem acesso aos sonhos e aos delírios de João.
Nesse sentido, em vários momentos o filme é quase onírico, onde não se sabe muito bem o que é realidade, o que é sonho e o que é delírio. Então, embora saibamos qual é a missão de João e o que ele pretende fazer, em determinado momento ficamos nos perguntando qual é o propósito das alucinações de João.
Em função disso, o longa acaba um pouco confuso e, com o tempo, um tanto monótono.
Aspectos técnicos de Última Cidade
Este é um filme simples, com um elenco pequeno e poucos cenários. No entanto, tudo faz sentido dentro da trama, que quer mesmo mostrar um lugar isolado, onde tudo já acabou. O cenário é repleto de areia, quase como um deserto e as cores do filme e fotografia pendem para os tons claros e solares, é quase possível sentir o calor enquanto se assiste as cenas de Última Cidade.
O cenário ao qual João chega, procurando seu inimigo, já é o oposto: uma cidade metropolitana, cheia de asfalto, onde tudo parece exatamente igual ao que era.
A ideia do longa é bem interessante e, em certos sentidos, bem diferente. Última Cidade é uma espécie de filme distópico que retrata esse futuro vazio e sem esperança, mas o filme se perde quando começa a retratar os sonhos de João, primeiro porque, como acontece normalmente com sonhos, eles nem sempre fazem muito sentido, segundo porque o filme começa a se arrastar e o telespectador vai perdendo o interesse aos poucos.
A produção tem boas atuações, seu protagonista Júlio Adrião está completamente imerso no personagem e ao longo do tempo, nos deparamos com outros personagens que aparecem pouco, mas são memoráveis.
No fim, a sensação que se tem é que Última Cidade perde muito tempo nos momentos oníricos e pouco tempo na vingança, que é o carro chefe do filme, dando a impressão de que o filme não chegou a lugar nenhum. O longa chega aos cinemas no dia 21 de julho.