Últimas Consequências
Humanizando o vilão
Doug Shaw (Joshua Ray) tem uma dívida com a máfia e precisa desesperadamente pagá-la. Ele então, resolve fazer o absurdo: sequestrar Kennedy Joseph (Kennedy Waite), a filha de um famoso jogador de futebol, para pedir um resgate.
Porém, no meio do sequestro ele precisa lidar com a personalidade e as crises de asma de Kennedy, lidas com sua esposa e até com sua própria consciência.
Herói ao contrário
Últimas Consequências parte de uma perspectiva diferente, a do sequestrador. Quando o filme começa, o sequestro de Kennedy já aconteceu, mas é impossível pensar que Doug é um criminoso sádico e terrível. Isso porque a plateia logo fica sabendo que existe um motivo forte por trás do sequestro.
Ao longo do filme, ele ainda dá uma série de provas de que, na realidade, ele se preocupa com Kennedy e que o sequestro é sua última esperança, como por exemplo, quando Kennedy tem uma crise de asma e Doug faz de tudo para ajudá-la, inclusive roubando uma farmácia para tal.
A ideia é interessante e diferente, pois mostra esse ponto de vista diferente e consegue humanizar um homem que sequestra uma garotinha e que rapidamente seria taxado de monstro. O filme consegue nos colocar no lugar de Doug e, de certa maneira, nos fazer entender por que ele faz o que faz.
Doug e Kennedy
Ao longo do filme também se estabelece uma relação entre Doug e Kennedy. A princípio, ela naturalmente o odeia, e ele tenta não demonstrar muitos sentimentos para não se apegar à garota, mas quando ela percebe que só vai ser solta quando ele receber o dinheiro, ela resolve cooperar e topa até participar de um vídeo onde aparentemente está sendo torturada, que deve ser enviado aos pais da menina.
Com o tempo, no entanto, os dois começam a conversar e compartilhar informações sobre suas respectivas vidas. Kennedy, assim como o telespectador, começa a compreender a necessidade de Doug. Essa relação só pode se dar dessa maneira porque Doug não é retratado como um homem cruel e sim como um homem desesperado e porque Kennedy é muitas vezes mais inteligente do que Doug, que é atrapalhado e comete uma série de erros bobos.
Claro que essa não é a melhor maneira de se retratar o sequestro de uma adolescente, o comportamento de Kennedy beira a síndrome de Estocolmo, ainda que o longa construa Doug como um homem bom, que não tem mais opções e que essa perspectiva seja diferente.
Aspectos técnicos de Últimas Consequências
O grande diferencial é o argumento que envolve o motivo para que Doug sequestre Kennedy, embora a relação que os dois estabelecem soe um pouco errada e o roteiro de uma maneira geral, seja meio absurdo. Apesar da construção do personagem principal ser diferente e o filme conseguir emplacar essa ideia de “bom sequestrador”, Últimas Consequências se desenvolve de uma maneira um tanto quanto óbvia e não tem muito mais coisa relevante a entregar além da sua premissa original.
Kennedy Waite, que interpreta Kennedy, é um grande adendo ao elenco e se sai muito bem, ela consegue mudar a maneira com que sua personagem reage a Doug com o tempo e é isso que sustenta um pouco da credibilidade que a relação entre Kennedy e Doug tem.
O filme é simples, com poucos cenários e um elenco pequeno, mas isso não é um problema, já que o roteiro é relativamente interessante. O problema é que ele vai se perdendo com o tempo e logo fica chato e lento.
Últimas Consequências se predispõe a uma nova ideia e apresenta uma perspectiva diferente, mas não tem nada mais além disso.