Velozes & Furiosos 9 – Mais alto do que nunca
Velozes e Furiosos começou lá em 2001, com um filme de corrida sobre uma quadrilha que roubava aparelhos de DVD. Dez filmes depois (contando com “Hobbs & Shaw“), é incrível imaginar o quanto do material original ainda insiste em aparecer nos filmes. Não os aparelhos de DVD, é claro; agora todo mundo usa streaming, o máximo que eles poderiam fazer é atacar satélites para derrubar a internet, e seria um golpe ousado demais.
Parecem filmes completamente diferentes, é verdade. Desde o quinto filme, a franquia se expandiu para uma ação amalucada e sem medo do ridículo, o que só a elevou. Desde o sétimo filme, um dos atores protagonistas morreu e agora os roteiristas têm que se virar com argumentos cada vez mais vagos sobre a ausência do personagem na história.
Ainda velozes e ainda furiosos
Mas a essência e o tema ainda são os mesmos. Por maior e mais caro que o filme seja, ainda tem lá as corridas clandestinas e tem a ação absurda usando veículos – com a diferença de que os veículos são cada vez mais variados e a ação cada vez mais absurda. O tema ainda é “família”, o que é surpreendente por conseguirem manter as coisas um tanto quanto pessoais enquanto os desafios e vilões tomam proporções globais – e já faz um tempo que o desafio dessa galerinha do barulho é salvar o mundo mesmo, não fica mais leve do que isso.
Manter um tema tão íntimo parece ainda mais difícil pela quantidade de personagens novos que apareceram com os anos. Parece um objetivo da franquia recrutar todo brutamontes careca de Hollywood: este filme conta com a presença de John Cena, que nem careca é.
Outra característica marcante é que quem é morto sempre aparece. Desta vez, Han, personagem interpretado por Sung Kang, que morreu lá no terceiro filme, volta – e nem é tanto spoiler porque foi mostrado no trailer já.
A história da vez – Velozes e Furiosos 9
“Legal! Estou curioso para saber o que vai acontecer com os personagens”, nunca disse ninguém antes de entrar em uma sessão de Velozes e Furiosos. A história é claramente só uma desculpa para ligar cenas de ação de tirar o fôlego e ela já passou do ridículo: já teve vilão virando mocinho, mocinho virando vilão, personagem que perdeu a memória, enfim… virou um novelão dos bons.
Não que tudo seja desprovido de enredo: o roteiro é bom o suficiente para manter o público engajado. Se fosse um punhado de cenas envolvendo carros voando e efeitos especiais sem nenhum apelo dramático, todo mundo já teria desistido da franquia faz tempo. “Transformers“ tá aí para não me deixar mentir.
O novo filme (conhecido lá fora só como “F9”, parece que nem em inventar título eles se preocupam mais) traz uma história de origem para o protagonista ainda vivo (Dominic Toretto, interpretado pelo careca-mór Vin Diesel), com cenas de flashback intercaladas com a história principal – e isso é roteiro bom o suficiente para manter o público investido enquanto pula de uma cena de ação para outra.
A ação da vez
O diretor Justin Lin volta ao comando do negócio. Ele é o principal nome por trás das câmeras, tendo dirigido o terceiro, quarto, quinto e sexto filmes; ou seja: ele pegou a franquia quando ainda era um típico filme de tiras americanos e transformou em uma gigantesca série de blockbusters de ação digna da presença de grandes nomes do cinema.
O apreço de cada filme com suas acrobacias sobre rodas sempre foi notável e as maluquices só crescem (ainda bem), sempre com algum elemento novo para dar aquela variada no cardápio. Dessa vez, os elementos novos são ímãs (“Yeah, bitch! Magnets!“), que trazem um monte de soluções tão criativas quanto cientificamente inacuradas. Em especial durante sua sequência final, a ação não decepciona – considerando o tipo de ação condizente com o que Velozes e Furiosos sempre fez, é claro.
Qual a posição de Velozes e Furiosos 9 no ranking?
Quem vai ver o filme sabe exatamente o que espera encontrar. O longa entrega o que se espera, mas ainda assim parece um tanto mais fraco que outros exemplares da franquia. Há menos humor, algumas partes se estendem demais e a produção acaba parecendo mais longa do que o necessário.
Ele é pior do que o tal spin-off “Hobbs & Shaw” e parece que o carisma de The Rock fez falta. Mas, ainda assim, ele consegue uma posição razoável no ranking, mantendo a média do que se espera para um Velozes e Furiosos. Por sorte, eu passei as últimas semanas assistindo absolutamente todos os filmes da franquia para montar este ranking do letterboxd. Diz aí se isso não é dedicação a uma causa?