Vingança a Sangue-Frio, com Liam Neeson
Em Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit no original) Neeson interpreta Neal Coxman, um pacato homem de família de uma cidadezinha nas montanhas do Colorado, que trabalha liberando estradas com seu imponente limpador de neve. Essa tranquilidade acaba por conta da morte de seu filho por uma overdose de heroína. Descrente do vício do filho, ele entra em atrito com sua mulher (Laura Dern, que parece ter aceitado o papel pra pagar alguma conta atrasada) enquanto descobre que a morte do filho foi encomendada por um chefe do tráfico.
E só. A trama é rasa como um pires. O que se segue são cenas de Neal encontrando capanga por capanga enquanto distribui socos e tiros. Só que lá pelos 30 minutos de projeção algo acontece. Não na trama super clichê de vingança, mas no clima do filme que parece ir de encontro aos memes e piadas recorrentes sobre o desejo implacável de vingança nos recentes trabalhos de Liam Neeson.
Acho que o primeiro filme que assisti com o Liam Neeson foi Darkman – Vingança Sem Rosto, o que é bem irônico já que atualmente a face da vingança nas telas é Liam Neeson que depois de uma carreira sólida em dramas como A Lista de Schindler parece ter encontrado seu lugar em thrillers de ação numa vaga aberta desde a morte de Charles Bronson.
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O que esperar de Vingança a Sangue-Frio?
O filme abraça a galhofa no melhor sentido, e digo mais, não só abraça como leva pra passear de mãos dadas e dorme com ela de conchinha. Impossível não rir com as resoluções patéticas que surgem pra fazer a trama seguir, personagens entram e saem de cena por toda parte. Tem de tudo. Uma policial (a sumida Emmy Rossum) determinada em fazer a diferença na cidadezinha; um irmão de Neal que convenientemente tem contatos com a bandidagem local; capangas engraçadinhos e até uma criança gênio, filho do tal traficante.
Preciso falar sobre esse personagem. O “genioso” e não “gênio do crime” conhecido como Viking (Tom Bateman, deliciosamente canastrão), um bandido implacável mas também alguém preocupado com a saúde do filhão e dos seus funcionários que são obrigados a só se alimentarem de comida orgânica e não processada, afinal a gente é o que a gente come, não é mesmo?
Aspectos Gerais do Filme
O diretor Hans Petter Moland, faz aqui um remake praticamente idêntico ao original norueguês In Order Of Disappearance (O Cidadão do Ano, por aqui) também dirigido por ele, e parece ter como grande inspiração filmes como Na Mira do Chefe e Sete Psicopatas e Um Shih Tzu, que mesclam violência e humor. Algumas situações beiram o ridículo como mafiosos se divertindo com bolas de neve enquanto se preparam para um seqüestro.
Um recurso que me divertiu muito foram os textos que enchem a tela após cada morte. Neles podemos ler nome completo, apelido e até a religião do presunto da vez! Então se prepare pra ler bastante pois a contagem de corpos é insana. Tão insana que os tradicionais créditos finais são em ordem de desaparecimento dos atores em cena.
Como filme de ação Vingança a Sangue-Frio seria apenas mais um na carreira de Liam Neeson, mas esse
flerte com o absurdo e com humor fazem dele uma boa surpresa.