WandaVision – minissérie em 9 episódios

Produção concisa quebra baboseiras de fãs com muito charme e estilo, mas isenta de reviravoltas

O MCU acerta novamente na expansão de seu universo compartilhado, começando com o pé direito em WandaVision, a primeira minissérie dentro de sua expansiva narrativa construída ao longo de uma década, dando oportunidade a personagens de margem (mas que sempre tiveram um baita potencial, só que viviam à sombra de Homem de Ferro, Capitão América e Thor) de brilharem por conta própria.

Com tramas mais enxutas e redondinhas, fechadas em si, que não necessitam de grandes reviravoltas (e assim o público descobre que é possível contar uma boa história sem explodir a sua cabeça de episódio em episódio), utilizando unicamente os personagens de seu cast, sem qualquer necessidade de uma participação especial, o que destruiria a experiência de um espectador leigo.

Afinal, diferentemente do que o nerd acredita, a produção também é feita pra quem nunca viu todos aqueles filmes antes. E nesse ponto, WandaVision triunfa, porque se comunica tanto com os fãs, através de fanservices pontuais e textos certeiros, quanto com quem acabou de chegar.

WandaVision
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E claro, deixando o maravilhoso banho de água fria que a Marvel deu nos teóricos de plantão (“é Mefisto! é Pesadelo!”, patético), ela seguiu fiel em sua premissa e entregou um seriado decente, claramente inspirado na graphic novel “Visão” e também em arcos da Feiticeira Escarlate nos anos 2000 (e sempre lembrando que inspiração é diferente de adaptação), construindo uma obra com cara própria e muito charmosa, fazendo uso de efeitos de glitchs na edição, inserções de animações criativas, intervalos comerciais inventivos, e um alto valor de produção, que aproxima a minissérie do cinema.

Toda a ideia de remeter a séries dos anos 1950, 1960, 1970 em diante, como A Feiticeira, Jeannie é um Gênio, entre outras, não só é incrível, como serve de belo tributo que super se atrela ao enredo proposto. O que temos aqui é uma mulher lutuosa, surtando e criando uma realidade para si, onde poderia viver em paz com quem ama e, quem sabe, até construir uma família.

O que esperar

O envolvimento da ESPADA (que é a “nova” SHIELD do MCU, mesmo que também oriunda das HQs e já apresentada no último filme do Homem-Aranha) ainda oferece outros brindes para lá de bem-vindos, como as figuras carismáticas ou emblemáticas à sua maneira, como Monica Rambeau, Agnes Harkness, Diretor Tyler Hayward, e os retornos de Jimmy Woo e Darcy Lewis, que não só segue ampliando o universo compartilhado, como lembrando seu público de que tudo está ligado e que personagens de uma obra realmente vão continuar saltando para outra (e nem sempre precisam ser secretos ou cheio de reviravoltas).

Por outro lado, apesar da divertida participação de Evan Peters como “Mercúrio” (em aspas dentro de aspas), essa adesão soou mais confusa do que efetiva, no final das contas, e acabou descartável.

Elizabeth Olsen continua sendo uma das melhores atrizes da Marvel, em sua interpretação complexa de Wanda, repleta de camadas, dores e delírios, que provam que muitas vezes o inimigo está no espelho. Enquanto que Paul Bettany finalmente ganha espaço para desenvolver ainda mais seu Visão, sempre relegado a escanteio nos filmes, e que aqui pode exibir seus vários momentos, neste que é o personagem mais humano da produção, veja só.

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E o que mais?

A adesão de Tommy e Billy Maximoff foi incrível, ainda que completamente esperada. Porém, enquanto o diretor Matt Shakman acerta ao se manter dentro da redoma do cast, ele em contrapartida perde um pouco a mão com o desfecho desnecessariamente aberto, não dando resolução para a maioria dos personagens (incluindo alguns coadjuvantes).

Sim, o arco e a jornada de Wanda foram bem resolvidos (tocando em diversas questões sensíveis pra lá de relevantes), mas os pontos do Visão abriram uma enorme interrogação e o desfecho das crianças também fica para ser resolvido ou em outra série, ou em outro filme, o que mantém uma incômoda co-dependência, que a minissérie tanto havia acertado em evitar.

Mas nada de fato estraga a deliciosa experiência que foi acompanhar semanalmente, todas as sextas, a essa novela do Disney+, que consegue manter um misteriozinho no começo e depois vai se aproximando do público fã conforme avança sua história, em 9 episódios que definitivamente funcionaram melhor de serem assistidos paliativamente, sem pressa, entre um episódio que não tinha muito a dizer, com outro que dizia tudo de uma vez, mantendo o equilíbrio até o fim.

WandaVision

Nome Original: WandaVision
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Kathryn Hahn
Gênero: Ação, Comédia, Drama
Produtora: Marvel Studios
Disponível: Disney+
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