Vício Inerente, altas aventuras pela Califórnia!
Com um detetive muito louco
Adaptando o livro de 2009 de Thomas Pynchon (o primeiro autorizado pelo recluso escritor de 82 anos), Vício Inerente segue Larry “Doc” Sportello, detetive convencido por uma ex-namorada a investigar uma suposta trama para assassinar um empresário do ramo imobiliário em Los Angeles. Assim, seguindo a fórmula do noir, a intriga amorosa é apenas um ponto de partida. Doc mal suspeita que o caso o colocará no caminho de todo o espectro sociopolítico americano da época. Ou seja, dos black panthers aos neonazistas.
Paul Thomas Anderson conduz essa narrativa improvável no mesmo tom de seus personagens: uma direção com efeito letárgico, quase em câmera lenta (não de ritmo, mas de atmosfera), onde a todo momento joga para o espectador (e para Doc) as informações que precisa saber para concluir o caso, despejando os resultados muito antes de explaná-los, à medida que capta a atenção do público com desvios inventivos de trama, em uma comédia de chapados, mas sem jamais abandonar a melancolia inerente e as convenções do neonoir. Aliado a uma competente direção de arte e ambientação, o espectador ainda é levado a um passeio lisérgico por uma Los Angeles sessentista riponga. Ali onde, inegavelmente, a maior parte de suas figuras não está certa de seus atos.
O elenco de Vício Inerente
Joaquin Phoenix está impagável, abraçando a proposta e o humor negro, com seu protagonista constantemente chapado e com déficit de atenção, saltando de um lugar ao outro, onde nem sempre tudo é real. A Shasta de Katherine Waterston tem uma carga sensual poderosíssima. Entre seus grandes momentos, está o do final, no sofá, que é praticamente hipnotizante. Josh Brolin volta a fazer um brucutu bizarro, agora no inacreditável Tenente Pé Grande. Decerto é responsável por uma das reviravoltas do enredo. Ainda no elenco, outros grandes nomes passeiam pela tela de maneira irreverente, tais quais como Owen Wilson, Reese Witherspoon, Eric Roberts, Jena Malone e Benicio del Toro.
O filme é, portanto, propositalmente confuso. Paul Thomas Anderson faz de Vício Inerente uma produção psicodélica na medida para quem busca uma proposta distinta das típicas histórias de detetives.