Dafne, um filme sobre luto e independência
Dafne (Carolina Raspanti) é uma determinada jovem com Síndrome de Down, que vive com seus pais, Maria (Stefania Casini) e Luigi (Antonio Piovanelli). Quando sua mãe, de quem ela é muito próxima, morre de maneira repentina, a jovem precisa encarar a vida e aprender a se relacionar melhor com o pai.
Independência
Um dos assuntos que chamam a atenção no filme é a busca da protagonista por independência. O que vemos no começo é uma mãe protetora, que não parece querer desgrudar de sua filha. Certamente, o fato de Dafne ter Síndrome de Down agrava os instintos protetores da mãe.
Independentemente disso, Dafne trabalha e parece se sair bem em diversos aspectos da sua vida. E, naturalmente, como todos os jovens, ela deseja independência e a chance de poder fazer suas próprias escolhas.
O que acontece é que ela acaba recebendo a independência que deseja da pior maneira possível: com a morte da mãe. Quando Maria falece, Dafne não tem mais escolha a não ser aprender o que não tinha aprendido quando a mãe era viva e precisa se virar sozinha. Além disso, a menina está lidando com o luto e com a morte, tornando tudo ainda mais complicado.
Convivência
O longa também fala sobre a convivência, especialmente a de sua protagonista e o pai. Maria, a mãe de Dafne, parecia ser o elo que conectava Dafne e Luigi. Embora os dois se dessem bem, eles não eram próximos. Quando Maria morre, Dafne e o pai são obrigados a conviver.
O filme retrata essas adaptações com perfeição. Primeiramente, os dois parecem muito unidos em função da perda que sofreram, mas ao longo do filme, vamos notando que um começa a irritar o outro e que eles precisam se acostumar com as manias de cada um. Se torna interessante acompanhar esse reencontro de duas pessoas que sempre estiveram juntas, mas que nunca se conheceram por inteiro.
O filme também fala, de maneira bem rápida, sobre a quantidade exagerada de tarefas que se coloca nos ombros das mulheres. Maria parecia não ser mãe só de Dafne, mas também de Luigi, já que depois da morte dela, ele parece mais perdido que a filha. Em diversos momentos, é Dafne quem resolve alguns dos problemas da casa e do pai.
Aspectos técnicos de Dafne
Dafne tem um roteiro simples, mas não por isso menos interessante. A trama é diferente, afinal, existem diversos filmes que tratam o luto, mas poucos com protagonistas com Síndrome de Down.
Isso dá uma perspectiva completamente diferente do filme, uma vez que ele fala de uma situação específica que foi poucas vezes retratada no cinema, o luto de uma jovem com Síndrome de Down, que precisa encontrar sua independência.
Um ponto interessante do filme é que sua protagonista não é definida por sua síndrome, essa é apenas mais uma das características de Dafne. A jovem também é inteligente, determinada, divertida e batalhadora.
É impossível não gostar de Dafne e muito disso se dá devido à ótima atuação de Carolina Raspanti, que está perfeita no papel principal. O único problema do filme é que, em determinado momento, ele se torna um pouco cansativo e parado.
Dafne é um filme emocionante e com um bom roteiro, que dá voz a uma protagonista diferente e por isso, se faz importante.
O filme entra em cartaz no dia 19 de setembro.