Luna, uma jornada de autoconhecimento
Luna é um filme mineiro que evoca questões fundamentais como bullying, suicídio e a descoberta da sexualidade. Parece polêmico e não deixa de causar um desconforto, contudo o diretor Cris Azzi coloca tudo isso de uma maneira interessante já que mostra isso tudo logo no início e depois vai pra vida da protagonista Luana, primordialmente, na escola sem ainda ter desembocado nesses pontos, o que bagunça um pouco nosso raciocínio.
A jovem atriz Eduarda Fernandes surpreende com tamanha facilidade que transita por diferentes situações e sentimentos, e creio que vá se tornar um grande nome do nosso cinema num futuro próximo. E ela é bem acompanhada por sua nova colega Emília, interpretada por Ana Clara Ligeiro, o que deixa o roteiro ainda mais forte.
Ao mesmo tempo, é curioso que ambas as alunas não são as excluídas da turma – porém não são as populares – e tal abordagem nos instiga a refletir que conflitos e dificuldades são comuns a quaisquer pessoas, afinal, vida perfeita não há.
Luna
Outro ponto de destaque é o fato de as duas personagens serem de classes sociais distintas. Assim, Luana é mais humilde e Emília mais abastada, sem tornar essa diferença uma problematização costumeira das discussões atuais. Talvez seja algo apenas implícito pelo autor.
Há momentos políticos insertados em pequenos trechos que questionam a polarização momentânea e a relação dos poderes executivo e legislativo, mas o enfoque é o empoderamento de Luana que cresce a cada instante e colabora muito pra avaliação satisfatória da intérprete que muitas vezes é filmada extremamente de perto e encara natural e gradativamente o desenvolvimento da trama em belos planos-sequências.
Uma obra cinematográfica imprescindível que conversa com todos os nichos e faixas etárias sem ser oportunista ou gerar conclusões precipitadas. Em cartaz a partir de 10 de outubro.