De quem é o sutiã? Comédia dramática inusitada
Pense em uma sensibilidade para a vida que beira o estado de um espírito poético. Agora pense esta
mesma sensibilidade atribuída a um maquinista de trem que está próximo de se aposentar, e que logo após
seu expediente refaz parte do seu percurso até Baku (Azerbaijão) afim de devolver as peças de roupas
e outros objetos que se enroscaram ao trem. Pensou? Em De Quem é o Sutiã?, após se aposentar, Nurlan faz seu último percurso pelas ruas de Baku para encontrar a dona de um sutiã azul, assim como o fez com outras peças de roupa.
Entretanto, no decorrer de sua busca, Nurlan, passa a aprontar muitas peripécias, se fingindo de vendedor de sutiãs a médico, invadindo casas durante a noite e o dia.
De quem é o sutiã?
Durante sua procura, ele se depara então com alguns tipos de mulheres: casadas, viúvas e solteiras. Quando as mulheres percebem que ele está apenas querendo devolver o sutiã à dona, elas se encantam e se sentem tristes por não serem donas do sutiã. Inclusive algumas tentam até enganá-lo. Afinal, a doçura masculina, marginalizada por sociedades patriarcais e machistas, priva as mulheres de vivenciar tal sensibilidade.
Assim como a belíssima fotografia e uma trilha sonora à la “Amelie Poulain” que dá ritmo ao filme e expressa muitas vezes os sentimentos e a voz dos personagens. Assim, a expressividade e os gestos dos personagem ganham um contorno maior, visto que não há diálogos no filme. Um criança que mora em uma casinha de cachorro e trabalha por comida ajuda nosso protagonista em sua busca. Um filme sensível, belíssimo. Demais até, para os tempos em que vivemos.
De Quem é o Sutiã? entra em cartaz dia 20 de fevereiro.
Por Jonas Santos