The Post: A Guerra Secreta e a liberdade de imprensa
Custe o que custar
Em 1971, os editores Katharine Graham e Ben Bradlee do The Washington Post, arriscam suas carreiras e liberdade para expor segredos governamentais que abrangem três décadas e quatro presidentes dos EUA. E isso durante o período mais crítico da sua história, quando o jornal deixou de ser um empreendimento familiar regional para se transformar em um gigante da imprensa americana.
Steven Spielberg realiza em The Post seu costumeiro “filme família” (na figura hesitante de Graham, que tem em seu lar o principal sustentáculo) encenado como um thriller, à maneira de “Munique” e “Ponte de Espiões”, mantendo a paranoia e o clima de espionagem em alta, mas com um senso de gravidade menor, abrindo seus usuais holofotes para que Meryl Streep e Tom Hanks brilhem novamente, nas figuras divisivas que precisam tomar uma grande decisão.
The Post: A Guerra Secreta
O diretor usa sua grande atriz também para discutir machismo e misoginia no período. Principalmente com uma mulher à frente de um dos maiores jornais do país. Enquanto Katherine precisa defender os interesses econômicos do The Post e superar o receio de sua diretoria para com ela, Bradlee edita o diário e defende a autonomia da redação, no dossiê que expõe os documentos secretos do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã. Estica as pernas pra cima de qualquer mesa sempre que possível, porque afinal, o papel de Ben é reafirmar que a mídia não obedece ninguém.
Fundamentando o longa com vários simbolismos sobre liberdade de imprensa, direitos iguais e obscurantismo governamental, Spielberg também executa uma belíssima homenagem aos jornais de antigamente. Sendo assim, temos todo o processo de impressão, o uso do linotipo e os tipos de chumbo fundidos para gerar linhas inteiras de texto. À medida que a trama corre contra o tempo, fazendo seus personagens dançarem entre as brechas da lei e as oportunidades únicas de fazer e mudar a história.