Once – Apenas Uma Vez – Obra prima de baixo orçamento
Once traz a história de um músico de rua que conhece uma imigrante tcheca que ganha a vida vendendo flores, mas que também é aspirante a compositora. Eles decidem trabalhar juntos e as músicas que compõem refletem o amor que cresce entre eles.
Modern Love, a deliciosa série da Amazon, vem fazendo bastante sucesso por aqui e pensei em falar um pouco sobre esse pequeno e maravilhoso filme roteirizado e dirigido pelo criador da série, John Carney. Baixista, músico semi amador e apaixonado por cinema, John Carney tem um estilo próprio em suas criações. Personagens absurdamente reais, diálogos deliciosos e um excelente bom gosto na escolha da trilha sonora, tanto que Once – Apenas Uma Vez chegou a conquistar o Oscar de melhor canção – Falling Slowly – em 2008.
Once – Take this sinking boat and point it home…
O longa conta a história de dois personagens, Ele e Ela (sim, os personagens não tem seus nomes revelados) e se passa em pouco mais de um final de semana. Ele (Glen Hansard) é um músico de rua falido e traído pela ex. Mesmo depois de quase dez anos, ainda tem uma relação de amor/ódio pela ex companheira e principal musa inspiradora de suas canções. Ela (Markéta Inglová) é uma imigrante tcheca, pianista, mas que ganha a vida vendendo flores nas ruas e como diarista.
Os dois se encontram no mesmo ponto da vida. Ambos estão praticamente sem esperanças em dias melhores. Sobrevivem um dia após o outro naquela época entre os vinte e poucos e trinta anos onde olhamos com saudades dos sonhos que deixamos para trás e não vemos muitas perspectivas no futuro.
O amor pela música une os dois. Ela na curiosidade de conhecer mais sobre a origem das letras dele e Ele ao perceber o talento musical dela. Esse encontro serve como um incentivo para ambos acabarem saindo da inércia, criando novos planos e se livrando um pouco da realidade em que se encontram.
Aspectos técnicos
O longa custou cerca de U$150.000, portanto, não esperem por cenas mirabolantes com movimentos estilosos de câmera. Tudo aqui é bem cru e precário. A câmera amadora sofre em cenas noturnas que, vejam só, não possuem qualquer tipo de iluminação a não ser a disponível nas locações. Estabilização de imagem então, nem de longe. Acho que dá pra contar nos dedos de uma mão as cenas com uso de tripé. De resto, muita câmera na mão e um ou outro recurso improvisado.
Mas não se deixem levar pelo aspecto amador do longa. O que John Carney cria com tão pouco brilha aos olhos, em especial um longo take que acompanha Ela pelas ruas noturnas de Dublin. Destaque também para as cenas em que Ele canta com força visceral jogando pra fora tudo o que o corrói por dentro.
Admito que muitos de vocês podem acabar não gostando do filme pelo tom amador da produção, simplicidade do roteiro ou simplesmente por se tratar de um musical. Mas se colocarem de lado esses obstáculos, certamente não irão se arrepender.
Once - Apenas Uma Vez
Once - Apenas Uma Vez é um pequeno grande filme, uma joia rara que mostra que aquela velha máxima que diz "Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça" é sim muito verdadeira.