AVA – Genérica, história não decide se é ação ou drama
Ava é uma assassina profissional que trabalha há anos para uma organização especializada em operações governamentais secretas. Sua rotina consiste em viajar ao redor do mundo realizando execuções de forma sutil e objetiva, mas quando uma missão acaba de maneira completamente fora do esperado, ela é forçada a lutar pela própria sobrevivência.
Essa sinopse poderia abarcar qualquer produção B dos anos 1980 ou 1990 do gênero ação e é isso que esse filme é, uma produção B extremamente genérica e formulaica, mas que por contar com um elenco de peso, pode acabar atraindo alguns desavisados. Mesmo assim, a obra não faz feio e consegue ser uma boa opção de entretenimento para domingos chuvosos, onde o público busque apenas um leve escapismo, com pequenas doses de melodramas.
Ava
Com exceção de ”Histórias Cruzadas”, todo o currículo do diretor Tate Taylor é consideravelmente morno (vide ”Ma” e ”A Garota no Trem”), mas mais do que ação, ele parece compreender sobre dramas humanos, mesmo que acabe quase sempre os transformando em novela. Assim, AVA mira em ”Atômica” e acerta – de raspão – na ótima série ”ALIAS”, onde acompanhávamos uma agente secreta que precisava dividir suas missões com a vida pessoal (aqui substituída por uma assassina profissional).
Já nos créditos iniciais, a edição faz questão de detalhar a ficha de sua protagonista (que depois é até bem desenvolvida no decorrer da trama), com o problema com o alcoolismo, o homem que ela abandonou no altar, a família que ela deixou para trás (e agora busca reaproximação), os antigos aliados (e agora inimigos), o velho mestre, a organização do mal. Não tem sequer um elemento que revigore os clichês e as ferramentas aqui são utilizadas à exaustão – e de “vantagem” nesse sentido, pode-se retirar uma narrativa segura e confortável.
A trama
O roteirista Matt Newton também não equilibra bem a dosagem de ação e drama, dando muitas vezes mais espaço para conversas chorosas e muito blábláblá, ao invés da ação – que quando chega, é quase uma recompensa, pois é bem executada. Nada demais, mas ao menos o diretor evitar muitos cortes secos ou câmera tremida, permitindo que seus atores (ou dublês) desenvolvam melhor na porradaria.
O elenco, aliás, está bem engajado no longa, a começar pela sempre maravilhosa Jessica Chastain, que é um tipo de femme fatale com problemas internos mais difíceis de lidar do que enfrentar 20 seguranças (o de sempre, você já viu isso antes). John Malkovich segue o bêabá certinho do mestre e ex-assassino fodão, enquanto que Geena Davis faz a mãe desbocada que guarda um segredo, Common o ex sensato (mas que pegou duas irmãs), Joan Chen uma antiga parceira e agora perigosa inimiga, e… Colin Farrell, que faz o que pode com seu vilão genérico e desprovido de propósito (por que ele quer matar Ava? Por que ele se empenha tanto nisso? O roteiro jamais nos diz), responsável pelas cenas mais apáticas e um clímax… anticlimático, quase bocejante. Mas o drama está ali, para suplantar a ação, caso você esteja buscando outro tipo de história, vai saber.
AVA é isso, um filme que todo mundo já viu antes, mas se, ao invés de repetir uma fita, você quiser ver de novo o mesmo filme com outra cara, essa é a sessão pra você (e eles prometem até continuação).