O Império de Pierre Cardin

A história do homem que democratizou a moda

O Império de Pierre Cardin acompanha não só a vida pessoal do estilista Pierre Cardin, como também sua carreira. Através de entrevistas com várias pessoas e do próprio Cardin, o documentário exalta a importância do estilista para o mundo da moda.

O filme tem como intenção dar mais destaque à carreira de Cardin e à sua importância para a moda, mas é impossível falar sobre esses elementos sem falar da vida pessoal do estilista.

O documentário O Império de Pierre Cardin tem muitas imagens de arquivo
O documentário tem muitas imagens de arquivo

Aqui, voltamos brevemente ao seu nascimento, na Itália e ao início da sua vida e sua juventude, onde começou a se interessar por moda. Originalmente, Cardin queria ser ator e, por isso, esteve sempre envolvido com teatro e cinema. Ele só ganhou notoriedade quando fez o figurino de A Bela e a Fera, de Jean Cocteau.

O Império de Pierre Cardin fala também sobre suas paixões, como o teatro e a arquitetura, além de abordar, de maneira bem leve, suas relações amorosas com Andre Oliver e com a atriz Jeanne Moreau.

A carreira

O centro do documentário é a carreira de Cardin e sua importância na moda. Dessa forma, usa uma série de imagens de arquivo para mostrar à plateia diversas das criações do estilista. O longa é claro quando explica como Cardin começou, como ele trabalhava e como ele fazia questão de saber cada detalhe do processo da criação, nem que fosse para poder mandar outras pessoas fazerem isso.

Pierre Cardin e algumas das suas criações
Pierre Cardin e algumas das suas criações

O próprio Cardin deu entrevistas para o documentário e em vários momentos temos acesso aos seus pensamentos e explicações sobre suas criações e ideias, o que é extremamente interessante.

Ele também se embrenhou em outros meios, comprou o seu próprio teatro, onde incentivava apresentações de novos diretores e atores, entre eles Gérard Depardieu, e seu próprio restaurante que, mais tarde, transformou em uma rede de restaurantes com franquias no mundo todo.

Cardin queria que todos tivessem acesso a suas peças
Cardin queria que todos tivessem acesso a suas peças

Com as explicações, não só do estilista, mas também de pessoas que trabalharam com ele e que foram influenciadas por ele, o público se vê completamente imerso na mente revolucionária de Cardin.

A importância de Cardin

A produção também ressalta os vários motivos pelos quais Cardin é importante. Atribui ao estilista a criação do Prêt-à-porter (em tradução literal “pronta a vestir”), que é, basicamente, a ideia de moda que temos nos dias de hoje, e que não envolve estilistas ou alta costura.

O Prêt-à-porter foi, de fato, criado nos anos 1960, período pelo qual Cardin é mais lembrado, e foi responsável por uma verdadeira revolução na moda, uma vez que, antes disso, as pessoas ricas recorriam à alta costura e as mais pobres faziam suas próprias roupas em casa, inspiradas por modelos de revistas.

O Prêt-à-porter permitiu, então, que qualquer pessoa pudesse ter uma roupa feita em loja e Cardin, por exemplo, fez questão que suas peças passassem a ser vendidas em boutiques e fossem acessíveis. Sua ideia era democratizar a moda. Ele causou revolta entre outros estilistas na época, mas o seu modelo de moda continua em vigor até hoje, onde ainda podemos ver estilistas que colaboram com marcas mais populares.

O documentário O Império de Pierre Cardin tem entrevistas com o próprio Cardin
O documentário tem entrevistas com o próprio Cardin

O Império de Pierre Cardin

A moda dos anos 1960 é, de qualquer forma, muito revolucionária. Esta década foi a primeira onde os jovens resolveram que não queriam mais se vestir como seus pais e Cardin soube surfar nessa onda, trazendo em suas coleções vestidos tubinhos curtos, meias coloridas, estampas geométricas e uma grande influência futurística, que estava na moda com a possível chegada do homem à lua. Seus vestidos eram soltos e não marcavam o corpo, deixando a mulher que o vestia livre para se movimentar como bem entendesse.

Foi ele também que transformou os óculos – escuro e de grau – em uma peça de moda e que popularizou a enorme variedade de armações que existem nos dias de hoje. Muito antes de sequer se pensar em inclusão no mundo da moda, Cardin já trabalhava com modelos negras e orientais.

Para além disso, Cardin colocou sua marca nos mais variados produtos, como copos, toalhas, perfumes, cadeados e até em um modelo de carro. O documentário, inclusive, exibe uma entrevista do estilista onde ele diz que vive sendo questionado sobre o desgaste de sua marca, mas que ele vê essa expansão exatamente de outra forma, afinal, seu logo é conhecido no mundo todo.

O Império de Pierre Cardin foca nas inovações pelas quais o estilista foi responsável
O Império de Pierre Cardin foca nas inovações pelas quais o estilista foi responsável
Aspectos técnicos de O Império de Pierre Cardin

O filme certamente é pensado como um documentário nos seus termos mais clássicos, mas tem elementos um pouco diferentes do que estamos acostumados a ver em filmes do gênero. O longa, por exemplo, não mostra o nome das pessoas que estão sendo entrevistadas, o que, certamente, pode confundir quem não conhece um ramo bem específico da moda.

Aliás, parece que a ideia de O Império de Pierre Cardin não é exatamente passar informações, já que ele não remonta os princípios da moda para que o telespectador moderno possa entender o quão Cardin foi revolucionário. Ele cita tudo que o estilista fez e mostra como ele foi pioneiro, mas para alguém que entra na sessão sem saber muito sobre história da moda ou como era a ideia de moda antes dos anos 1960, a importância de Cardin e de suas ideias de moda democrática não fica muito clara. É difícil, por exemplo, nos dias de hoje, onde basicamente se compra roupas em lojas, entender como funcionava a moda antes do Prêt-à-porter.

Claro que seria um trabalho hercúleo falar sobre toda a moda pré-década de 1960 – ou mesmo da moda na década de 1960, certamente uma das mais revolucionárias em vários aspectos, inclusive na moda -, e essa não é a ideia de O Império de Pierre Cardin, mas seria interessante ressaltar a importância de coisas como o Prêt-à-porter e a venda de roupas de estilistas em boutiques comuns não só para a época, como também para os dias de hoje.

O filme pode deixar quem não gosta do assunto um pouco perdido
O filme pode deixar quem não gosta do assunto um pouco perdido

O que esperar então

O documentário tem muitas imagens e fotos que vão deixar qualquer fã de moda babando. As criações de Cardin são lindas e refletem a sua época, mas o filme peca na falta de informações, que não fazem tanta falta para quem já gosta do assunto, mas podem deixar quem não gosta tanto um pouco perdido; e na sua duração, que é um tanto quanto longa. Por mais que as roupas de Cardin sejam lindas, as imagens de arquivo se tornam cansativas com o tempo, ainda mais depois que algumas informações começam a se repetir.

O Império de Pierre Cardin tem entrevistas interessantes, com pessoas importantes, inclusive com o próprio Cardin, que faleceu em 2020, e mostra, com muitos exemplos, o quão inovador o estilista era, não só no ramo da moda, mas também em outros negócios em que se envolveu. O documentário é um prato cheio para quem gosta de moda, do estilista ou mesmo para quem gosta especificamente de aspectos da década de 1960, mas talvez não agrade tanto o público geral, que não se interessa tanto por esses assuntos.

O Império de Pierre Cardin

Nome Original: House of Cardin
Direção: P. David Ebersole, Todd Hughes
Elenco: Pierre Cardin, Jean-Paul Gaultier, Sharon Stone, Naomi Campbell, Guo Pei
Gênero: Documentário
Produtora: The Ebersole Hughes Company
Distribuidora: Imovision
Ano de Lançamento: 2019
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