Alabama Monroe
Romance melancólico e realista
Didier (Johan Heldenbergh) é um músico de bluegrass que ganha dinheiro fazendo shows com sua banda e Elise (Veerle Baetens) é uma tatuadora realista. Quando os dois se conhecem, se apaixonam à primeira vista e ela começa a fazer parte da banda dele como vocalista.
Mesmo sendo diferentes e discordando em várias coisas, eles começam uma relação e têm uma filha, Maybelle (Nell Cattrysse). Aos seis anos de idade, Maybelle é diagnosticada com câncer e a vida em família, assim como o amor de Didier e Elise, precisa passar por um teste.
O romance
Toda a trama de Alabama Monroe começa em função do romance entre Didier e Elise, por isso, é natural que ele seja explicado ao público em seus menores detalhes. A história é narrada através de flashbacks que se intercalam com acontecimentos atuais, então, primeiro somos apresentados à doença de Maybelle e depois descobrimos como Didier e Elise se conheceram.
Didier é um músico romântico e Elise uma tatuadora realista, e os dois não têm tantas opiniões parecidas, mas eles se apaixonam praticamente à primeira vista e a plateia acompanha um romance onde os dois, mesmo que diferentes, parecem feitos um para o outro.
Essa primeira parte do filme de fato parece um conto de fadas: Didier e Elise se dão bem, começam a passar todo o tempo possível juntos, ela faz até uma tatuagem em homenagem a ele, e os amigos de Didier não só gostam de Elise, como também a aceitam como parte da banda, já que ela tem a voz muito bonita. Logo, Elise está grávida e os dois parecem se encaminhar para uma vida mais tradicional, até que a tragédia os atinge.
A doença de Maybelle
Ao mesmo tempo que acompanhamos o relacionamento de Didier e Elise, também assistimos à doença e o tratamento de Maybelle, a filha de seis anos do casal, diagnosticada com câncer. E se a primeira parte do filme é quase uma comédia romântica, a segunda parte é repleta de momentos muito tristes.
Enquanto Maybelle se trata e passa por uma série de hospitais e internações, o relacionamento de Didier e Elise também é testado, já que eles se veem de frente não só ao medo constante de que Maybelle não seja capaz de vencer a doença, como também discordam em relação a maneira certa de proceder.
Quando Maybelle fica doente, as diferenças do casal, que antes eram toleradas, começam finalmente a causar atrito entre os dois e o romance vai aos poucos, se esvaindo.
Aspectos técnicos de Alabama Monroe
A história de Alabama Monroe parece simples e, de certa maneira, o filme acompanha a vida de um casal relativamente comum, mas seu roteiro é muito competente e muito impactante. A trama transita entre vários gêneros, como romance, drama e musical, e suas idas e vindas no passado são ideais para que a plateia se sinta muito próxima desses personagens e sofra com eles. Além de tudo, Alabama Monroe consegue ficar bem no meio termo entre o romance e o drama, apresentando cenas românticas e divertidas e cenas tristíssimas e melancólicas.
As atuações também ajudam muito o longa: tanto Veerle Baetens quanto Johan Heldenbergh estão ótimos no filme e têm muita química. Como o roteiro, os dois passam de dois jovens despreocupados e loucamente apaixonados para adultos assustados e tentando ser responsáveis, enquanto veem seu mundo desabar. O elenco secundário também é ótimo e completa a atuação dos protagonistas, até a pequena Nell Cattrysse, que interpreta Maybelle, se sai muito bem.
O grande diferencial de Alabama Monroe parece ser justamente a maneira com que o filme retrata a tragédia, existem uma série de filmes que falam sobre pais lidando com a doença, potencialmente mortal, de seus filhos e cujo sentido é apelar para a tristeza só pela tristeza – e algumas vezes, a superação -, colocando a plateia no lugar do pai e da mãe que pensa em como alguém tão jovem pode ter uma doença tão perigosa, mas Alabama Monroe segue outro caminho. É óbvio que a doença de Maybelle é terrível e que é motivo de tristeza para seus pais e para a plateia, mas também é ela que movimenta a trama e os altos e baixos do casal.
Alabama Monroe também não é um filme que se fixa única e exclusivamente no romance, embora esse seja um ponto importante do longa, e tem como mérito retratar um relacionamento muito real, onde o casal está apaixonado, mas precisa enfrentar os problemas da vida e lidar com eles, ou sucumbir a eles.
As músicas
O filme é um musical porque seus personagens são músicos e porque acompanhamos as apresentações da banda da qual Elise e Didier fazem parte, por isso, boa parte dos números musicais acontecem no palco, embora, eventualmente, a banda faça apresentações em outros cenários, mas ainda dentro do conceito de banda, sem que a música sirva necessariamente para expressar sentimentos ou para fazer a história andar.
Apesar disso, muitas vezes, o que eles cantam no palco reflete o que está se passando na história, o que é muito interessante. A música aqui também serve para caracterizar esses personagens, que não só são músicos, como também amam e falam sobre música com frequência e também para aumentar o tom melancólico do filme, uma vez que a trilha sonora começa animada e alegre e vai ficando triste e emocionante com o tempo.
Entre as músicas que fazem parte da trilha sonora estão Will The Circle Be Unbroken, Rueben’s Train, Country In My Genes, Over In The Gloryland, Cowboy Man, If I Needed You e Blackberry Blossom.
Alabama Monroe é um musical incomum e um romance realista, e com sua trama que parece simples, mas que é extremamente bem pensada, é capaz de emocionar e entreter.