8 Presidentes 1 Juramento
A História de Um Tempo Presente (Um documentário sob encomenda)
Nova República sobre perspectiva
Carla Camurati (Carlota Joaquina, Princesa do Brasil – 1995) dirige esse filme/documentário, que aborda a chamada Nova República, que perdura de 1985 até os dias de hoje. Após a Ditadura Militar (1964-1985), o Brasil retorna a eleger diretamente os seus representantes (tirando o Presidente Tancredo Neves/José Sarney, que foi eleito indiretamente). O documentário segue a ordem dos 8 presidentes desse novo período da democracia, de forma consecutiva:
– Tancredo Neves/José Sarney (1985 – 1989)
– Fernando Collor/Itamar Franco (1990 -1994)
– Fernando Henrique Cardoso (1995 – 1998/1999 – 2002)
– Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2006/2007 – 2010)
– Dilma Roussef/Michel Temer (2011 – 2014/2015 – 2018)
– Jair Messias Bolsonaro (2019 – Presente)
A narrativa é focada minimamente em duas bases: como o governo em questão evoluiu a economia/qualidade de vida e os casos controversos de corrupção. No decorrer do longa, sentimos um certo desconforto realista que nos leva ao cerne da cultura política de nosso país, a corrupção está enraizada e institucionalizada, independentemente do período em que se passa.
Crítica Focada e Ideológica
Obviamente que o período em que o PT ficou no poder (cerca de 14 anos) praticamente preenche mais da metade do documentário. Os casos de corrupção (que obviamente aconteceram), são focados à exaustão, e a narrativa tenta colocar que desde Collor a corrupção foi aumentando, tendo seu ápice no governo Petista.
Não são detalhados com o mesmo afinco os índices econômicos e sociais que o Partido dos Trabalhadores
conseguiu atingir, e são dados históricos: o desenvolvimento econômico, a ascensão das classes mais baixas e dos programas sociais como o Pro-uni, Sisu, Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família, tudo isso não tem espaço no filme.
Dilma é mostrada como uma presidente “fake”, sem preparo, que nasceu como um “meme” pronto. Temer aparece como um “mal necessário”, Moro não é criticado como deveria. E o excrementíssimo presidente Bolsonaro só aparece para fechar o documentário como se fosse uma continuação do que o PT deixou para o país: divisão e caos institucional.
8 Presidentes 1 Juramento
O período que detalha os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso não tem o mesmo rigor crítico que os outros. FHC sempre aparece focado em seu elitismo, falando inglês fluente com líderes como a Rainha da Inglaterra. Não aborda muitas questões sobre corrupção, sempre mostrando as privatizações como a Vale do Rio Doce vendida por 3,3 bilhões (mesmo a empresa dando 2 bilhões de faturamento anual), e a Embratel, que foi vendida por 8,8 bilhões (mas o governo gastou 21 bilhões antes da venda) como parte de uma modernização necessária para o país. Os críticos das privatizações, como os partidos da oposição, são sempre colocados como pessoas contra as modernizações do país, anacrônicos e anti-modernos.
8 Presidentes 1 Juramento é tipo um primo pobre e menos sentimental do documentário de Petra Costa, “Democracia em Vertigem”. Tenta ser lógico e pragmático, mas é totalmente o enredo da classe média e alta no que tange a visão do futuro: a terceira via, o neoliberalismo é a defesa implícita na narrativa. Não é estranho ver que boa parte das imagens, recortes jornalísticos e dados, são usados do arquivo da maior rede de telecomunicação do Brasil, a Rede Globo. O filme parece que foi encomendando para o Globoplay, e realmente nas letrinhas vemos que a produção é feita pela Globo Filmes/Globo News/Globo Play, um documentário feito para satisfazer a classe média/alta branca que desistiu do Bolsonarismo, e que se vê sem saída para as eleições em 2022.
O filme estreou nos cinemas no dia 18/11/2021, segue o trailer: