Falling – Ainda Há Tempo

Pai e filho tentam se reconectar

Willis Peterson (Lance Henriksen) é um senhor idoso, cheio de preconceitos, que está apresentando sinais de demência e precisa ir viver com seu filho, John (Viggo Mortensen), o marido dele, Eric (Terry Chen) e a filha dos dois, Monica (Gabby Velis).

Os quatro precisam então se acostumar com a nova convivência, enquanto Willis e John revivem e tentam se curar do passado.

O passado e o presente

Falling – Ainda Há Tempo se passa em dois períodos distintos: um que acompanha Willis já idoso e seus filhos, John e Sarah (Laura Linney) adultos, e outro que acompanha Willis (nessa fase interpretado por Sverrir Gudnason), sua esposa, Gwen (Hannah Gross) e as crianças em diferentes fases da vida.

Willis e John - Falling - Ainda Há Tempo
Willis e John

Em certa medida, uma fase afeta a outra. O Willis já idoso é um homem preconceituoso que faz comentários homofóbicos para seu filho, John, e comentários racistas para seu genro, Eric, que é oriental, além de ser extremamente grosseiro e machista. Quando acompanhamos sua juventude, percebemos que claro, Willis viveu outro tempo e, portanto, pode ter alguma dificuldade com o mundo atual, mas que ele já demonstrava esse tipo de personalidade antes.

O filme até separa o Willis do começo do casamento, que é um pouco mais gentil e até se oferece para ajudar a esposa – o que é o mínimo, mas Willis é um homem do interior dos Estados Unidos, vivendo nos anos 50 ou 60 – do Willis que começa a ver seu casamento entrar em crise e se tornar grosseiro e até um pouco agressivo, e ainda do Willis pós-separação, que já não parece se importar com nada e trata seus filhos mal. Entretanto, desde o começo fica claro que Willis não é um homem fácil de se lidar e que ele nem parece disposto a mudar e se atualizar.

A relação pai e filho

Mas o grande destaque de Falling – Ainda Há Tempo é a relação entre Willis e John, que é cheia de problemas. Os flashbacks servem não só para mostrar quem Willis era quando jovem, como também para mostrar como o relacionamento de Willis com a sua família muda com o tempo, desde seu casamento, que vai aos poucos desmoronando, até sua relação com seus filhos.

O filme Falling - Ainda Há Tempo analisa a relação de pai e filho
O filme analisa a relação de pai e filho

Willis está demonstrando sinais de demência e, por isso, não pode mais morar sozinho em sua fazenda. Ele acaba então na Califórnia, na casa de John, Eric e Monica, mas Willis não facilita em momento algum. Ele agride John o tempo todo fazendo comentários e piadas homofóbicas, trata Eric mal e é grosseiro com certa frequência, e seus momentos gentis parecem reservados única e exclusivamente para a neta, Monica.

É compreensível, até certo ponto, que John aceite as ofensas do pai, afinal, Willis é o pai dele, por pior que tenha sido, e está velho e debilitado, mas em determinado momento, Willis ultrapassa praticamente todos os limites e parece difícil acreditar que John permaneceria calmo enquanto seu pai ataca sua família e sua vida. Mais estranho que isso ainda, é o fato de Eric, que não é parente de Willis e que tem que aturar o homem na sua casa lhe ofendendo diariamente, não reclamar de nada e continuar totalmente compreensivo com a situação.

Falling – Ainda Há Tempo é um filme que fala sobre a devoção e a paciência de John em relação a seu pai, o que pode ser uma mensagem interessante, mas perde um pouco da graça quando deixa que Willis se livre de todo e qualquer insulto que ele solta não só contra seus filhos, John e Sarah, como também contra seus netos e genro.

Wallis e John são quase opostos
Wallis e John são quase opostos

Aspectos técnicos de Falling – Ainda Há Tempo

O filme parte de uma trama relativamente comum e realista, com a qual a maioria das pessoas pode se reconhecer ou irá se reconhecer em algum momento da vida. O longa explora a velhice de um pai e como seus filhos lidam com isso. No entanto, a maneira com que os personagens reagem às ofensas de Willis torna a situação um pouco irrealista, não que atrapalhe o resultado total do filme, mas é algo um pouco incômodo.

A ideia do roteiro é bem simples: colocar um homem retrógrado e preconceituoso de frente para um filho gay, que pensa completamente diferente do pai e que cria sua filha também de maneira diferente e a proposta é sim, interessante, mas o personagem de Willis é realmente difícil de aturar. Em alguns momentos, mesmo descontando a idade e a demência, ele quase soa como um vilão. Não existiria nenhum problema nisso se o personagem se mostrasse disposto a aprender e, de fato, sofresse uma transformação, mas o que acontece aqui é que boa parte do que ele fala é relevado pelos seus familiares.

Viggo Mortensen em cena do filme Falling - Ainda Há Tempo
Viggo Mortensen em cena do filme

Por outro lado, o filme tem boas atuações, tanto Viggo Mortensen, quanto Lance Henriksen se saem muito bem nos seus papeis. Hannah Gross aparece menos, mas está muito convincente como Gwen. Laura Linney infelizmente aparece muito pouco. Também existe cuidado com o figurino, que no passado representa bem a época apresentada e que consegue ligar Willis quando jovem, ao Willis já idoso, através de suas camisas xadrez.

Falling – Ainda Há Tempo é um filme que causa um certo reconhecimento e que analisa uma relação entre pai e filho, ainda que seu roteiro peque em alguns momentos, o resultado é, em sua maioria, positivo. O filme chega aos cinemas no dia 2 de dezembro.

Falling - Ainda Há Tempo

Nome Original: Falling
Direção: Viggo Mortensen
Elenco: Viggo Mortensen, Lance Henriksen, Terry Chen, Laura Linney, Sverrir Gudnason
Gênero: Drama
Produtora: HanWay Films, Perceval Pictures, Scythia Films, Zephyr Films, Ingenious Media
Distribuidora: California Films
Ano de Lançamento: 2020
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