Jules e Jim, de Henri-Pierre Roché
Uma história de amor autobiográfica
Assim que chega a Paris, Jules conhece Jim e os dois se tornam inseparáveis, mas quando Kate entra na vida deles, os dois rapazes se apaixonam por ela.
Kate se casa com Jules, e a guerra separa os dois amigos, mas quando eles se reencontram, Kate e Jim começam um relacionamento e uma dinâmica se estabelece entre os três.
Triângulo amoroso
O principal mote do livro é o triângulo amoroso entre os três personagens principais. Jules e Jim são amigos de longa data quando Kate aparece na vida deles. Os dois se sentem automaticamente atraídos por ela e isso fica claro para o leitor, e também para os personagens. Kate também está ciente do interesse deles, mas não parece saber por quem ela se interessa mais.
Kate acaba se casando com Jules, mas nunca fica claro se ela está completamente satisfeita com a sua escolha, mesmo porque depois de um tempo Kate e Jim começam um caso que é de conhecimento de Jules e os três passam a viver uma espécie de relação a três, onde Kate se relaciona com Jules e Jim, e os dois se mantém amigos.
Os três personagens vivem essa relação a três, embora nem todos os participantes se relacionem romanticamente, mesmo que seja possível pensar que a amizade entre os dois homens seja tão ou até mais intensa que um relacionamento romântico, tanto que em muitos momentos é difícil determinar se eles se mantêm nessa relação por Kate ou por eles próprios.
A história certamente é moderna e atual, ainda mais quando lembramos que o livro foi publicado em 1953.
Inspirado em uma história real
Outro ponto interessante de Jules e Jim é o fato de que a história foi inspirada na vida do próprio autor, Henri-Pierre Roché. Jules e Jim fala da amizade de Roché com o escritor Franz Hessel, e sua paixão pela esposa de Hessel, a tradutora Helen Grund.
A história real é praticamente idêntica a que o autor apresenta no livro: Roché conhece Hessel em 1906 e eles se conectam através do gosto dos dois por literatura, pintura e, eventualmente, mulheres. Mais tarde, os dois conhecem Grund e, em 1913, ela se casa com Hessel. Grund e Roché começam um caso em 1920, e Hessel sabe do relacionamento e aprova.
O próprio Roché achou que a história dos três era interessante e que eles deveriam colocá-la no papel, mas nem Hessel, nem Grund estavam dispostos a isso, e o autor fez isso sozinho depois de um tempo. Se a trama de Jules e Jim já soava moderna como uma ficção publicada em 1953, saber que na realidade, Jules e Jim é um livro autobiográfico sobre uma história que aconteceu nos anos 1900, torna tudo mais interessante.
Jules e Jim na mídia
A história é mais conhecida pelo filme que foi inspirado no livro do que por sua obra original. “Jules e Jim – Uma Mulher para Dois“, 1962, é dirigido por François Truffaut e estrelado por Jeanne Moreau, Oskar Werner e Henri Serre.
O filme é bem fiel à obra, e é sempre citado quando o assunto são filmes da Nouvelle Vague, além de ser considerado um dos melhores filmes de Truffaut.
Jules e Jim é um romance, ainda que diferente, que narra não só uma história de amor romântico, como também de amor fraterno e se questiona qual deles é mais forte.