Only Murders in the Building (1ª Temporada)
E o fenômeno do true crime
Charles-Haden Savage (Steve Martin), Oliver Putnam (Martin Short) e Mabel Mora (Selena Gomez) vivem no mesmo prédio, mas mal se conhecem. Os três, no entanto, são as últimas pessoas a verem Tim Kono (Julian Cihi), outro vizinho, com vida, enquanto eles estão no elevador.
Tim aparece morto logo depois de sair do elevador e a polícia determina que Tim se matou, mas o trio, que é fã de conteúdos sobre true crimes, desconfia que ele foi assassinado por alguém que vive no prédio e resolve fazer a sua própria investigação.
A investigação de Only Murders in the Building
A série se passa em um período curto e em um espaço restrito, o cenário aqui é um prédio chique de Nova York, onde vivem celebridades – como Sting, interpretado pelo próprio Sting -, pessoas de classe alta e jovens que herdaram seus imóveis de seus pais. Grande parte da ação da série se dá no prédio e em seus arredores, e por isso, boa parte dos seus personagens é de moradores do local.
Tim Kono, um dos moradores do prédio, aparece morto em seu apartamento. A polícia diz que foi suicídio, mas Charles, Oliver e Mabel, que costumam consumir conteúdos de true crime, supõem que a polícia está errada e resolvem investigar por eles mesmos.
A ideia é interessante porque é fácil se reconhecer nos três protagonistas, todo mundo quer investigar, e uma morte que pode ser um crime, tão próximo, chama sim, a atenção. A questão aqui é que os três personagens principais, de fato, acreditam que têm capacidade para descobrir algo que a polícia não foi capaz e vão em frente com a investigação amadora deles, mesmo correndo perigos.
A investigação, como já era de se imaginar, acontece no prédio e é feita de maneira bem atrapalhada – a detetive mais competente do trio é Mabel -, o que rende momentos divertidos, mas não tanto suspense. O trio também cria o seu próprio podcast, uma das mídias que mais explora o gênero do true crime, que logo vira uma febre, em uma espécie de referência ao que já aconteceu várias vezes na vida real.
Tom de comédia
Mas é importante ter em mente que Only Murders in the Building não é uma série de suspense, cujo aspecto mais importante da trama é o crime em questão. A série usa sim dessa ideia, mas tem um tom de comédia bem forte.
A produção, na realidade, usa de alguns dos clichês comuns em obras de suspense e policial, como por exemplo, o crime, o fato da polícia não ter sido capaz de investigar da maneira correta, e a relação pessoal desses personagens tanto com Tim, quanto com o passado recente do prédio. Entretanto, a investigação de Charles, Oliver e Mabel é bem mais atrapalhada do que competente e mesmo as motivações por trás do que acontece no prédio muitas vezes tem elementos cômicos. É como se a série fosse uma espécie de pastiche dos filmes e séries policiais.
Ao mesmo tempo, Only Murders in the Building também faz uma referência, cheia de piadas, aos podcasts de true crime, às pessoas que os escutam e à febre por esses conteúdos que vêm surgindo nos dias de hoje, já que seus protagonistas não só tem o seu próprio podcast, como também são fãs do gênero e se sentem capazes de investigar a morte de Tim, em função disso.
Only Murders in the Building tem como intenção fazer piadas com o gênero do policial, mas o que acontece na prática é que a série não consegue misturar o suspense e a comédia muito bem: os episódios não são tão engraçados e muitas vezes o pastiche proposto é meio bobo e o suspense deixa bastante a desejar e algumas revelações soam até meio absurdas.
Aspectos técnicos de Only Murders in the Building
Essa é uma série que tenta conciliar a comédia e o suspense e por isso, tem no seu elenco comediantes como Steve Martin, Martin Short e Nathan Lane. A ideia é bem inteligente, mesmo porque a série parece querer fazer um pastiche e explorar os clichês dos filmes e séries policiais, mas aqui, os dois gêneros não se misturam tão bem. Ela pode agradar quem não espera um suspense muito intenso, já que as revelações parecem não ser muito bem pensadas, mesmo no gênero do pastiche.
A série se passa quase que unicamente no prédio onde os personagens moram, embora a cidade de Nova York ganhe algum destaque também. Os figurinos também chamam atenção, os três protagonistas, por exemplo, aparecem quase sempre usando roupas com tons bem diversos: Charles usa muito bege, preto e azul, enquanto Oliver usa tons de roxo e cores fortes e chamativas em roupas que beiram o extravagante, já Mabel quase sempre tem uma peça amarela na sua roupa, o que de certa maneira, contradiz a personalidade dela, que é meio tristonha.
O episódio sete chama a atenção especialmente, pois é narrado do ponto de vista de Theo Dimas (James Caverly), também morador do prédio, que é deficiente auditivo e, por isso, o episódio não tem som e todas as ações se dão através de imagens e mensagens de texto.
Um dos grandes méritos de Only Murders in the Building são as atuações de seus protagonistas e a química que existe entre eles. Martin, Short e Gomez estão ótimos em seus personagens e o telespectador rapidamente acredita que eles são amigos que não só resolveram desvendar um caso juntos, como também estão. aos poucos, se aproximando.
Only Murders in the Building apresenta uma trama atual que tenta misturar suspense e comédia, mas o seu resultado final não é tão satisfatório e a série acaba se tornando um pouco parada, não tão divertida e com pouco mistério.