A Torre Negra II: A Escolha dos Três
Considerado um dos melhores livros da septologia da saga da Torre Negra, A Escolha dos Três é uma fantasia sombria diferente de qualquer outra obra do gênero, justamente porque Stephen King não se conforma com convenções, então consegue unir habilmente todas as habilidades e preferências que lhe cabem em uma história ao mesmo tempo fantástica e marginal.
Colocando o protagonista Roland à beira da morte desde o começo, o autor leva o pistoleiro por um único cenário durante quase todo o livro, enquanto ele descobre o trio de portas e, com isso, novos personagens para seu ka-tet. E, com isso, King deixa de lado o épico e o western previstos na premissa anterior, para abraçar suas narrativas contemporâneas, focadas em pessoas e situações cotidianas críveis, com muita verborragia e esculacho, típicos de seus outros livros “passados em nosso mundo”.
Os momentos com Eddie Dean dentro do avião são um espetáculo no que tange a tensão, enquanto Odetta/ Detta oferecem um terror digno de Fragmentado. Todo o desfecho envolvendo Jack Mort me confundiu bastante, pela relação com Jake, a ponto de eu ter que ir procurar fontes externas após a leitura, mas mesmo assim suas cenas são divertidamente perversas.
Com uma empolgação juvenil, um experiente King brinca com todas as peças que tem em mãos como um autor de primeira viagem (mas jamais amador), em uma trama visceral e inventiva, com identidade única, preparando terreno com A Escolha dos Três, para a grande saga que ainda está por vir.