O Homem do Norte
Um jornada de vingança
Quando criança, Amleth (nessa fase interpretado por Oscar Novak) testemunhou seu pai, o rei Aurvandill (Ethan Hawke) ser assassinado pelo seu tio, Fjölnir (Claes Bang) e sua mãe, Gudrún (Nicole Kidman) ser tomada como esposa do cunhado. Depois de fugir do seu reino para não ser morto, ele jura vingança.
Vinte anos depois, Amleth (nessa fase interpretado por Alexander Skarsgård) se tornou um guerreiro e descobre que chegou o momento de cumprir seu destino.
A trama
Ambientado em 895 AD, O Homem do Norte acompanha o jovem Amleth, que está destinado ao trono, mas que precisa fugir de seu reino depois que seu tio executa um massacre e promete matá-lo. Fjölnir, o tio de Amleth, mata o rei, toma a rainha como esposa e persegue Amleth, que consegue fugir e jura vingança. Amleth é criado por um grupo de vikings e, vinte anos depois, retorna à sua terra natal com a intenção de matar seu tio e salvar sua mãe.
Fjölnir, que tomou o lugar do rei, sofreu o seu próprio golpe de estado e agora comanda apenas uma vilinha, onde vive com Gudrún, que agora é esposa de Fjölnir, e seus dois filhos: Thorir (Gustav Lindh), que era um bebê quando Amleth fugiu e Gunnar (Elliott Rose), meio irmão de Amleth.
No meio de sua viagem, que é cheia de complicações e contratempos, Amleth conhece Olga (Anya Taylor-Joy), uma espécie de feiticeira por quem ele se apaixona e que resolve ajudá-lo. Os dois juntos resolvem que vão se vingar tanto do passado, quanto da vida de escravidão a qual Fjölnir os submete.
O Homem do Norte é inspirado em uma lenda escandinava, que também foi inspiração para Hamlet, de William Shakespeare e é basicamente uma trama de vingança, mas que no longa tem contornos um tanto quanto sangrentos e em muitos sentidos assustadores.
Vingança, misticismo e medo
O Homem do Norte também é um belo mergulho na cultura Viking, e fica claro que Robert Eggers fez uma grande pesquisa para o longa, que além da vingança traz outros elementos à tona.
O misticismo é um deles, não só Olga é uma feiticeira, como o filme é cheio de guias espirituais que ajudam Amleth ao longo de sua jornada, como Heimir (Willem Dafoe), o conselheiro de Aurvandill e Seeress (Björk), uma profetiza que informa Amleth que chegou o momento de ele cumprir seu destino. O filme tem ainda uma série de questões fantásticas que dão esse tom de lenda para a história.
Como o diretor Robert Eggers é conhecido pelos seus trabalhos que circundam o gênero do terror, como A Bruxa e O Farol, é natural que se espere elementos do gênero em O Homem do Norte, que por si só não é um filme de terror. O longa tem, no entanto, alguns momentos que são assustadores e até grotescos. Quando resolvem se vingar de Fjölnir, Amleth e Olga prometem que vão fazer da vida dele e de qualquer pessoa que vive na vila, um inferno e é isso que acompanhamos durante uma boa parte do filme. O longa não é exatamente assustador, uma vez que não existe muito mistério ou suspense, mas é aflitivo e incômodo em vários momentos.
Aspectos técnicos de O Homem do Norte
É óbvio que O Homem do Norte é uma grande produção e isso se mostra a todo momento. A caracterização é perfeita, os figurinos são ótimos e nos colocam no clima do filme, os cenários são muito realistas e não fogem de mostrar a sujeira e o sangue, se tornando até escatológico em alguns momentos, e a fotografia varia seus tons de acordo com o momento em que a trama se passa e com o que Amleth está sentindo ou fazendo.
O elenco é outro ponto alto do filme, com tantas estrelas é até difícil apontar quem chama mais atenção, mas é natural que Alexander Skarsgård, que tem mais tempo de tela e que acompanhamos a todo momento, tenha destaque, sua atuação é ótima e muda do homem que deseja vingança acima de tudo para o menino assustado que teve que fugir de casa e deixar tudo para trás. O resto do elenco, no entanto, não fica atrás, O Homem do Norte é um filme repleto de boas atuações, desde Nicole Kidman e Anya Taylor-Joy, que tem papéis maiores, até Ethan Hawke e Willem Dafoe, que não aparecem tanto. Outro grande destaque é Oscar Novak, que interpreta Amleth quando criança e também está muito bem.
É quase impossível criticar qualquer aspecto técnico porque o longa é realmente impecável nesse sentido e durante suas 2h17min o telespectador é bombardeado com uma série de imagens lindas, ainda que violentas, que chamam a atenção de qualquer um. Também não é possível dizer que o roteiro do filme é ruim, porque não é, ele narra uma história clássica, que ainda causa efeito, o que acontece é que a trama parece não ser tão trabalhada quanto os aspectos técnicos do filme, como se na tentativa de fazer esse filme grandioso, com efeitos e cenas magnificas, o diretor tivesse prestado menos atenção do que deveria no roteiro, que soa um pouco insignificante perto do que o filme se propõe a fazer.
O Homem do Norte parece apostar que o público vai se perder em seus aspectos técnicos maravilhoso – o que pode acontecer – e não notar que a história não é tão impactante quanto poderia ser. Certamente está longe de ser um filme ruim e com certeza vale a sessão. Embora o roteiro não seja o seu ponto alto, o longa é cheio de qualidades que impressionam e entretém. O Homem do Norte chega aos cinemas no dia 12 de maio.