Órfã 2: A Origem
A prequela de A Órfã
Lena Klammer (Isabelle Fuhrman), uma criminosa, consegue fugir da instituição psiquiátrica onde está internada e chega aos Estados Unidos fingindo ser Esther Albright, a filha desaparecida de Tricia (Julia Stiles) e Allen (Rossif Sutherland), mas ela vai encontrar desafios inimagináveis na sua nova família.
Lena Klammer
Órfã 2: A Origem é uma prequela de A Órfã, filme de 2009, que acompanha uma menina (também interpretada por Isabelle Fuhrman), que tinha acabado de ser adotada por uma família e que aos poucos demonstra um comportamento estranho, até que a audiência descobre que ela é, na realidade, uma mulher adulta. O filme é vagamente inspirado em um caso real, e o grande chamariz dele é o plot twist onde descobrimos a verdadeira identidade de Esther.
Nessa sequência, no entanto, não existe nenhum mistério sobre a identidade da protagonista, já que até quem não assistiu A Orfã possivelmente sabe o final do filme, então, Órfã 2: A Origem toma um caminho lógico: explicar como Lena Klammer se tornou Esther, a órfã.
O longa começa em 2007, na Estônia, onde Lena, uma criminosa condenada por matar uma família que a adotou acreditando que ela era uma criança, vive em uma instituição mental. Logo no começo, um médico explica o distúrbio que faz com que Lena, que é uma mulher de 31 anos, pareça uma criança de mais ou menos dez anos, mas deixa claro que embora ela sofra com isso, ela também se aproveita e é exatamente o que ela faz quando consegue fugir da instituição e tomar o lugar de uma criança desaparecida nos Estados Unidos, Esther Albright.
A vida em família
Quando ela retorna para a sua “família”, Esther é tratada como uma menina que foi sequestrada aos quatro anos, mas que agora foi finalmente encontrada. A mãe, Tricia, não sabe muito bem o que fazer, o irmão, Gunnar (Matthew Finlan), está claramente perturbado, mas o pai, Allen, recebe Esther com lágrimas nos olhos e os dois rapidamente se dão bem.
Em muitos sentidos, Órfã 2: A Origem tem uma dinâmica muito parecida com a do primeiro filme, a diferença aqui é que não existe nenhum mistério, já que a audiência já sabe quem Esther realmente é desde o começo. O filme então aposta em momentos de tensão dentro da casa, a expectativa de que alguém da família ou do convívio possa descobrir quem realmente é e a convivência tensa entre a protagonista, a mãe e o irmão.
O longa também tenta caprichar no plot twist, que é bem diferente do plot twist do seu antecessor, mas que é tão mirabolante, que não funciona, porque soa absurdo demais.
Aspectos técnicos de Órfã 2: A Origem
Parece interessante produzir um filme que tem a intenção de contar a história de uma personagem, de certo modo, icônica no cinema de terror, e nesse sentido, Órfã 2: A Origem funciona como um filme de origem, ainda que o roteiro não explique exatamente como a vida de Lena começou e já nos mostre ela adulta. Mas como boa parte dos filmes de terror, tanto A Órfã, quanto Órfã 2 dependem demais de suas reviravoltas, que não são especialmente brilhantes. O segundo filme já começa na desvantagem, uma vez que não tem o mistério que o primeiro tem, todo mundo já sabe quem Esther é e já sabe que ela é uma mulher adulta que se passa por criança.
Por outro lado, isso dá certa liberdade ao roteiro, que pode usar de várias cenas mais pesadas que não vão chocar a plateia, que já sabe que aquela personagem é adulta, diferentemente do que acontece, por exemplo, nas cenas do primeiro A Órfã quando Esther tenta seduzir seu pai adotivo (Peter Sarsgaard), que deixam um gosto estranho na boca. Isso se une ao fato de a atriz atualmente ter vinte e sete anos – no primeiro filme ela tinha apenas doze -, então, acompanhamos cenas de Esther bebendo e sendo violenta, ainda que o filme não mergulhe totalmente na violência.
O elenco se sai bem, é interessante notar que Isabelle Fuhrman ainda convence como Esther, mas que agora que sabemos que ela é uma mulher adulta, isso não é tão relevante assim, ela não precisa mais convencer a plateia, mas sim só os outros personagens do filme. Também existe uma semelhança física entre ela e Julia Stiles, que interpreta sua mãe, o que torna a situação crível. As duas atrizes, aliás, se saem bem.
No entanto, é um tanto quanto óbvio que a ideia por trás de Órfã 2: A Origem é só lucrar com a sequência de um filme que fez bastante sucesso, mas que também não é um longa especialmente memorável, e que ele não preza pela qualidade. O filme tenta trazer reviravoltas e inovações para o telespectador, mas tudo que ele consegue é a descrença total diante de um roteiro quase surreal.