The Legend of Vox Machina
Os primeiros minutos da série animada The Legend of Vox Machina já ditam todo o tom da produção: com uma formação clássica de personagens de RPG (à lá Sociedade do Anel) sendo trucidados por um dragão, quando então o rei resolve chamar uma equipe inusitada, que mesmo representando estereótipos do gênero, se comportam de forma errática.
Com linguajar chulo e propositalmente contemporâneo, os sete “heróis” são de raças diversas, oferecem habilidades distintas e operam de missão em missão, até que o grupo culmina no arco particular de um deles, fechando a primeira saga, onde o destaque está nas bens sacadas atuações em dupla, trio ou em equipe, que funcionam muito bem em tela, além do humor escrachado e sanguinolência (mais ou menos à maneira de Invencível), e com um equilibrado uso de terror e drama, inclusive no nível de dificuldade e azar que se apresenta para os protagonistas vez sim, outra de novo.
The Legend of Vox Machina
Mas mais interessante do que a história da animação, está a história por trás dela. Surgida como um RPG entre amigos, a trama passou a ser transmitida ao vivo nos canais do grupo. A campanha foi exibida entre 2015 e 2017 e contou com cerca de 500 horas de conteúdo.
Em 2019, com o crescimento e sucesso do Critical Role, o grupo decidiu fazer uma adaptação animada de série e, para tal, iniciou um projeto de financiamento coletivo no Kickstarter. A versão teria apenas 22 minutos, mas ao bater a meta e superar mais de US$ 11,3 milhões arrecadados, decidiram tornar o projeto em uma temporada de 10 episódios. Em novembro do mesmo ano, o Amazon Prime Video abraçou o projeto e encomendou mais 14 episódios, garantindo assim mais dois episódios para a primeira temporada e também uma segunda temporada de 12 episódios.
Assistindo a série, não consegui desapegar das semelhanças que esta guarda com o nosso universo de Tormenta (criado muito antes pelo trio Cassaro, Trevisan e Saladino, depois agregado pela turma da Jambô, principalmente nos livros do Leonel Caldela), ao mesmo tempo que voltei a imaginar que obras como Holy Avenger e principalmente O Inimigo do Mundo, O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus, teriam grandes possibilidades no cenário que os streamings têm aberto para a dark fantasy recentemente.