Coleção Antirracista
Material importante na luta antirracista
Coleção Antirracista é uma série documental com oito episódios que conta a história do Brasil pela perspectiva Afro-Brasileira, através de temas como cotas raciais, branquitude, antirracismo, precarização do trabalho de pessoas negras, a condição da mulher negra na sociedade, entre outras coisas.
A série é voltada para pessoas, instituições e empresas interessadas em combater o racismo e investir em ações inclusivas e antirracistas. A série documental conta com oito episódios de 10 a 14 minutos, e que abordam os mais variados temas, mas que tem como intenção narrar a história do Brasil do ponto de vista da população não-branca. A ideia é ótima, justamente porque esse ponto de vista é raro na produção audiovisual brasileira.
A atração conta com depoimentos de pessoas como a Doutora em psicologia Cida Bento, a filósofa Sueli Carneiro, a arquiteta e urbanista Joice Berth, a escritora Cidinha da Silva, o historiador e multi-artista Salloma Salomão, o encenador e filósofo José Fernando de Azevedo, a psicóloga e pesquisadora racial da UFSC, Lia Vainer Schucman; a publicitária e ativista Neon Cunha, a artista visual Rosana Paulino, e o tenente-coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo Adilson Paes de Souza.
Coleção Antirracista é não só um mergulho profundo na história do país, como também é fonte de muito conhecimento, a série é repleta de informações. Além disso, é claro, Coleção Antirracista é importante para desmitificar preconceitos e para ajudar na luta antirracista.
Os temas da Coleção Antirracista
Cada episódio é dedicado a um tema: O Mito da Democracia Racial, aborda a ideia de que não existe racismo no Brasil porque somos um país miscigenado; Da Escravidão À Abolição mergulha nos bastidores da abolição e fala sobre a luta e resistência dos povos negros; Cota Não É Esmola explora as cotas raciais e deixa claro porque elas são necessárias e tornam o país mais igualitário; Raça, Trabalho e Direitos analisa o mercado de trabalho da perspectiva da população negra e mostra como ainda existe reflexo da escravidão.
Urbanização Como Apartheid fala sobre o fato da população negra viver, em sua maioria, nas periferias da cidade, ainda que isso nunca tenha sido abertamente determinado por lei; Mulheres Negras analisa as opressões que as mulheres negras sofrem, já que elas são duplamente minorias, mas aqui também somos apresentados a uma série de conquistas de mulheres negras; Racismo Estrutural mostra como reproduzimos comportamentos racistas sem nos darmos conta, e Branquitude vs Antirracismo, que analisa os privilégios que a população branca tem e como esses privilégios se mantém ainda hoje.
Os episódios têm como premissa sempre voltar ao passado e explicar um pouco de história do Brasil para que possamos entender por que hoje as coisas são assim e, mais tarde, traz à tona algumas ideias que poderiam solucionar essas questões e que devem ser trabalhadas e incentivadas por todos que são antirracistas.
Coleção Antirracista tem, de fato, muitos temas e parece que a série é pesada e até cansativa, mas não é o caso, tudo é passado de maneira bem leve – ainda que muitas vezes o assunto seja bem pesado – através de uma narração que é muito explicativa. A série tem muita informação e, mais do que isso, muita informação importante e interessante, que precisa ser passada para frente com urgência.
Aspectos técnicos
Coleção Antirracista tem alguns elementos em comum em todos os seus episódios: cada um é focado em um tema, todos tem narração, entrevistas e imagens de filmes que falam sobre o assunto tratado. A ideia é sempre voltar no tempo para explicar o que vemos hoje e funciona muito bem. Através dessas pequenas explicações históricas é possível entender como chegamos aonde estamos.
Claro que a série trata de temas muito pesados e de situações terríveis e desumanas, mas, por incrível que pareça, ela o faz de maneira leve, a narração tem até momentos divertidos, com algumas brincadeiras. Mas é importante ressaltar que a obra não leva nenhum tema na piada e nem poderia, a atração parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre a comédia e o conhecimento, deixando claro que sim, estamos falando de um tema sério e importante, que destrói vidas, mata pessoas e corta oportunidades todos os dias.
É óbvio que uma série como essa é de extrema importância, e é ótimo que ela seja tão informativa e tão objetiva como ela é, o grande mérito da série é nos fazer refletir sobre qual é nosso papel nessa luta, ainda que não sintamos as dores retratadas. Coleção Antirracista estreia no dia 29 de novembro, a partir das 18h30, no Espaço Itaú de Cinema, e ficará disponível de forma gratuita, na plataforma SPCinePlay, a partir do dia 5 de dezembro.