Revival, de Stephen King
Em busca da morte
Quando o novo pastor Charles Jacobs chega à cidade, Jamie Morton, um garoto que vive lá, fica encantado. Jacobs não só é muito simpático e carismático, e tem uma linda família composta por sua esposa e por seu filho Morrie, como também se interessa por eletricidade, o que chama a atenção de Jamie.
Mas depois que a família de Charles morre em um acidente de carro, o pastor perde a fé e amaldiçoa Deus em um discurso, o que faz com que ele precise deixar a cidade.
Anos depois, Jamie, agora um dependente químico, reencontra Charles em uma feira, onde ele faz pequenos truques com eletricidade e eles retomam o contato. Jamie então, descobre que Charles vem “tratando” pessoas com eletricidade, como há muito tempo ele fez com o irmão de Jamie, Con.
Jamie passa a ajudar Charles, mas logo descobre que o pastor tem intenções sinistras por trás de seus “tratamentos”.
A queda de um ídolo
Revival é um livro diferente de Stephen King, ele não mergulha tão profundamente assim no terror tradicional, ainda que a trama se desenvolva de uma maneira que nos leva a um terror quase existencial e que faz o protagonista até questionar a sua sanidade. Mas a história é muito calcada na relação de Jamie e de Charles, o novo pastor da cidade, a quem o protagonista vê como um ídolo.
Charles é um pastor jovem e carismático, que tem uma linda família e que divide interesses com Jamie, e um deles é a eletricidade. Todas as crianças gostam de Charles, mas é óbvio que ele tem uma preferência por Jamie. O pastor começa a fazer experimentos com eletricidade e desenvolve seu “tratamento” nessa época, tanto que depois que o irmão de Jamie, Con, para de falar depois de um trauma, Charles o “trata” com uma corrente de eletricidade na garganta e Con de fato volta a falar.
No entanto, Revival também é uma história sobre a perda de fé, tanto de Charles em Deus, quanto de Jamie em Charles. E logo depois que a esposa e o filho morrem em um acidente de carro, Charles passa a odiar a vida, e não mais acreditar em Deus, ele vai embora da cidade deixando tudo para trás, inclusive Jamie, mas uma vez liberto da religião, Charles passa a experimentar cada vez mais com eletricidade.
Jamie perde a fé em Charles muitos anos depois, quando os dois se reencontram por acaso. Nessa época, Charles já trabalha fazendo shows, onde usa a eletricidade, mas quando Jamie se aproxima dele, ele percebe que Charles tem ideias mais sinistras do que apenas ganhar dinheiro com pequenos truques, e quando ele entra em contato com pessoas que passaram pelo “tratamento” de Charles, ele percebe que o pastor não é quem ele acreditou ser.
Brincando com a morte
Mas claro que Revival ainda é um livro de terror e o gênero precisa aparecer, aqui ele se dá de uma maneira um pouco mais sutil e o que é realmente aterrorizante demora a se mostrar.
O que sabemos desde o começo é que Jamie está interessado em eletricidade, mas que Charles vem fazendo experiências desse gênero. Uma das primeiras acontece quando ele cura Con, mas depois que entra de luto, ele fala para Jamie que deu apenas um efeito placebo ao seu irmão.
No entanto, ao longo da trama, Jamie descobre que Charles “tratou” outras pessoas e que essas pessoas tem alguns efeitos colaterais do tratamento, que as vezes, são até piores do que a dor ou doença que eles foram tratar inicialmente. Esse não é o único problema dos “tratamentos” de Charles, como vemos mais tarde.
Revival na mídia
Revival foi publicado em 2014, ou seja, menos de dez anos atrás, e ele ainda não tem nenhuma adaptação. O livro chegou a ser comprado para virar filme, em 2016, e iria ser estrelado por Russell Crowe, mas ele ainda não saiu do papel.
Em 2020, Mike Flanagan estava adaptando o livro, mas no mesmo ano ele saiu do projeto e informou que uma adaptação já não estava mais em desenvolvimento.
Revival é um livro de terror, mas onde o mal não é perpetuado por uma entidade sobrenatural, ainda que a obra use do fantástico, tudo aqui é humano e em certa medida, real e isso é o que mais assusta na trama de King.