Belo Desastre

A adaptação do livro homônimo

Abby Abernathy (Virginia Gardner) está prestes a começar a faculdade e quer esquecer seu passado, mas logo conhece Travis Maddox (Dylan Sprouse), colega de quarto do namorado (Austin North) de sua melhor amiga, America (Libe Barer), que compete em lutas de MMA para pagar a faculdade.

Travis é tudo que Abby quer evitar, mas ela se sente terrivelmente atraída por ele, ainda que não admita. Ele, por sua vez, não entende como Abby parece ser a única garota que não se interessa por ele e propõe uma aposta: caso ele perca uma determinada luta, ele vai ficar sem sexo por um mês, mas se ele ganhar, Abby deve viver com ele por esse mesmo tempo. Naturalmente, Travis ganha a luta.

Belo Desastre é inspirado no livro homônimo de Jamie McGuire.

O filme se vale de um clichê
O filme se vale de um clichê

A boa garota e o bad boy

Belo Desastre se vale de uma fórmula clássica que, surpreendentemente, ainda funciona, e que recentemente parece ter até ganhado mais força com filmes como 50 Tons de Cinza e After, que é o romance entre uma típica garota boazinha, que não fuma, não bebe e não faz nada de errado, e um bad boy conquistador que está disposto a largar sua vida de playboy porque está perdidamente apaixonado pela mocinha. A ideia tem sim, algum apelo, especialmente entre o público adolescente, mas geralmente vem cheia de momentos problemáticos e comportamentos abusivos que são tratados como românticos.

Belo Desastre mergulha tão fundo nesse clichê que é fácil até prever o que vai acontecer: Abby, uma jovem que está vivendo sozinha pela primeira vez, vai para a faculdade, conhece Travis, um bad boy; ela não quer se apaixonar por ele, mas não consegue evitar, e ele se apaixona por ela à primeira vista e, por isso, está disposto a largar sua vida de festas, bebidas e pegação.

O diferencial aqui é como isso acontece. Abby e Travis fazem uma aposta, que já é, por si só, bem absurda, e que resulta em Abby vivendo no apartamento de Travis, dividindo até a mesma cama que ele, sem que eles tenham, inicialmente, nenhum envolvimento romântico ou sexual. Mas é claro que não é preciso pensar muito para perceber que os dois vão sim se envolver mais cedo ou mais tarde.

Belo Desastre não se leva totalmente a sério
Belo Desastre não se leva totalmente a sério

Um filme que não se leva tão a sério

No entanto, Belo Desastre se distancia dos seus filmes derivados, em alguns aspectos. Abby não é uma mocinha tão típica assim, ela tem um passado sombrio do qual não é inteiramente culpada, e desde a primeira cena sabemos que ela está fugindo de seu pai, Mick (Brian Austin Green). Ela também não é retratada de maneira tão inocente como o é a protagonista de After no primeiro filme da franquia, e o filme faz questão de colocar diálogos de Abby onde ela despeja algumas falas feministas meio vazias e acusações de machismo contra Travis, que honestamente, nem faz tantos comentários problemáticos assim.

Mas o que diferencia mesmo Belo Desastre é que ele parece não se levar completamente a sério, como acontece com 50 Tons de Cinza e After, que são filmes com conteúdos absurdos, meio ridículos e em vários momentos, bem problemáticos, mas que se levam extremamente a sério, tendo como resultado filmes melodramáticos, com protagonistas irritantes e bad boys supostamente irresistíveis que, na realidade, só repetem comportamentos problemáticos e são interpretados por atores dentro de todos os padrões de beleza. Belo Desastre tira sarro de si mesmo em vários momentos. É como se os elementos cafonas, que nos outros filmes são considerados “românticos”, fossem propositalmente cafonas, e um exemplo é uma das cenas de sexo, que é propositalmente engraçada, ao invés de pretensamente sensual.

O próprio Travis, que aqui é o bad boy irresistível, é um tanto quanto cômico, diferentemente de personagens como Christian Grey e Hardin Scott, que são homens torturados por seus passados. Travis parece estar em paz com a vida que levou, ele faz piada com a morte da mãe, ele faz danças ridículas que tiram todo e qualquer charme que ele poderia ter, ele se comporta literalmente como um cachorro louco – Mad Dog é o apelido de Travis nos ringues – quando vê Abby com Parker Hayes (Neil Bishop), um colega de faculdade com quem ela sai algumas vezes.

Dylan Sprouse como Travis Maddox
Dylan Sprouse como Travis Maddox

Mas isso faz de Belo Desastre um bom filme? Não exatamente, o longa é fraco e ainda que consiga entender com que tom narrar a história, tudo é muito fútil e completamente sem sentido, mas pelo menos, ele reconhece que o material em que se inspira não merece toda a seriedade que ele almejava ter.

Aspectos técnicos de Belo Desastre

A produção já parte de um material original não muito bom, o livro que o inspira não é um bom livro, a história não só é batida, como é problemática e o Travis do livro é abertamente machista. O filme se sai bem em diminuir essa personalidade misógina do protagonista, que aqui soa muito mais ridículo, do que perigoso. Claro que isso não exime o filme totalmente, afinal, a trama por si só é muito esquisita, que mulher em sã consciência aceitaria dividir a cama com um completo desconhecido?

O filme é mais leve do que outros desse subgênero, as cenas de sexo são bem mais sutis e aparecem em menor quantidade, uma delas é muito mais cômica do que sexy, e isso se dá porque o longa aposta no tom cômico, muito mais do que no tom romântico. É quase como se ele tirasse sarro de todos os filmes desse estilo que saíram nos últimos anos – em determinado momento, um dos personagens está, inclusive assistindo After – Depois da Verdade -.

O filme Belo Desastre, no entanto, é mediano
O filme, no entanto, é mediano

As atuações são bem medianas, mas elas funcionam dentro desse filme que não deseja muito mais do que levar os fãs do livro e os fãs de outros livros de romance aos cinemas. Virginia Gardner é uma das poucas pessoas no elenco que se salvam, ainda que sua personagem seja um tanto quanto chata. Também existe um cuidado com os figurinos, especialmente os de Abby, que mudam quando ela chega na faculdade, provando que a personagem cresceu e deixou de ser uma garotinha com meias ¾ e saias pregadas, mas nada aqui chama a atenção especialmente, é tudo bem mediano.

É verdade que Belo Desastre consegue melhorar a obra em que ele se inspirou, tentando remover os traços problemáticos do livro, ainda assim, é um filme pouco criativo, que dificilmente vai agradar quem não é fã do livro. Belo Desastre chega aos cinemas no dia 13 de abril.

Belo Desastre

Nome Original: Beautiful Disaster
Direção: Roger Kumble
Elenco: Dylan Sprouse, Virginia Gardner, Austin North, Libe Barer, Autumn Reeser
Gênero: Drama, Romance
Produtora: Voltage Pictures
Distribuidora: Diamond Films
Ano de Lançamento: 2023
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