Para’i
Filme ganha pela originalidade
Pará (Monique Ramos Ara Poty Mattos) é uma menina Guarani que, em um passeio, encontra por acaso uma semente de milho tradicional. Ela o planta e, enquanto cuida do crescimento da planta, ela começa a se questionar sobre suas próprias origens.
A vida de Pará
Para’i parte de um conceito interessante, pois acompanha uma menina de origem Guarani, mas que convive com muitas pessoas não indígenas. Ela estuda em uma escola onde a maioria das crianças é branca, seu pai frequenta a igreja católica e ignora as crenças da tribo, e ela conhece muito pouco sobre a sua própria origem.
E é assim que o filme começa, apresentando um pouco da vida de Pará, mas também mostrando o quão pouco ela sabe da sua própria cultura, pois nem os pais dela parecem saber muito, na realidade.
Pará tem uma série de questionamentos que ninguém consegue responder. As coisas só mudam quando ela encontra e começa a cultivar o milho de origem Guarani.
Origens
O grande tema de Para’i é análise das origens de Pará e, mais do que isso, a análise feita pela própria protagonista, que começa a se questionar e que fica cada vez mais curiosa. O que dá o pontapé inicial para isso é a semente de milho, que tem a mesma origem da menina.
Conforme o milho começa a crescer e ela se vê cada vez mais encantada com a planta, isso faz com que ela tenha questionamentos, como por que ela fala português e não guarani, por que seu pai frequenta a igreja católica, por que seu povo luta por terras e várias outras questões.
O longa não responde todas as perguntas, ele se preocupa mais em expor não só as dúvidas da personagem, mas também uma parte de sua cultura.
Aspectos técnicos de Para’i
Este é um filme bem simples, com poucas locações e um elenco relativamente pequeno, no entanto, ele se destaca pelo diferente, pela inovação que propõe, sua protagonista é muito única e é difícil pensar em outros trabalhos que abordem esse ponto de vista.
Também é muito fácil simpatizar com Pará, e a atuação de Monique Ramos Ara Poty Mattos ajuda. A personagem é uma graça, e o telespectador também sente vontade de conhecer mais da cultura Guarani, assim como a menina.
Ainda que não tenha muitas reviravoltas, Para’i não é um filme parado, muito pelo contrário, muita coisa acontece, ainda que em muitos momentos esses acontecimentos sejam mais de origem interna do que de origem externa. Para’i não é só a busca de sua protagonista pela sua origem, mas também uma forma de apresentar essa origem para a plateia, que pode conhecer pouco ou nada sobre o assunto.
Tudo isso faz com que Para’i, além de ser um interessante e importante, seja também uma obra de muito mérito. A trama de Pará e todos os seus questionamentos são um bônus para esse filme, que é simples, mas é cheio de significados. Para’i chega aos cinemas no dia 20 de abril.