The Cloverfield Paradox (com spoilers)

Terceiro filme da franquia, The Cloverfield Paradox retoma sua proposta laboratorial, tanto de apresentar novos diretores pelo selo da produtora Mad Robot, como também de dar viés criativo dentro de gêneros já saturados. Sua proposta é dar a razão do que ocasionou os outros filmes, Cloverfield e 10 Cloverfield Lane.

Dessa maneira, The Cloverfield Paradox tem muito aquela cara de “filme para TV” e se encaixa bem nessa co-produção entre Paramount e Netflix, onde Solaris, O Enigma do Horizonte e Alien são emulados na história da tripulação multicultural que tenta superar a crise mundial de energia com um superpoderoso acelerador de partículas. Antes que o experimento cause a desestabilização do espaço-tempo, com a estação espacial sendo teletransportada para outra dimensão e a Terra sendo invadida por monstros, um cientista aparentemente picareta fala na TV sobre os perigos do paradoxo que dá título ao filme. Apesar do aviso conveniente, quando coisas inexplicáveis passam a ameaçar a tripulação, as mentes mais brilhantes do planeta demoram a concluir que o tal paradoxo não era charlatanismo.

O elenco é competente, mas subaproveitado na trama rasa, onde não existe desafio real, nem drama o suficiente. Mesmo assim, Gugu Mbatha-Raw (a única com um arco dramático realmente funcional e instigante), Daniel Brühl, Zhang Ziyi e outros, fazem o que podem com o que tem em mãos e seguram bem as 1h40 de duração (apenas Elizabeth Debicki continua limitadíssima, como em tudo o que faz).

Os eventos bizarros envolvendo uma mulher encontrada entre a fiação da nave, um braço com vida própria (que me remeteu muito a Evil Dead), minhocas aliens invasoras de corpos, entre outros — são respiros interessantes e tecnicamente bem realizados, que colaboram para o andamento de The Cloverfield Paradox, um filme mais despretensioso da franquia, mas que entrega o que promete, ainda mais para quem curte terror no espaço.