Sergio Guizé investiga mistério em “Além do Homem”
Em Além do Homem, O escritor brasileiro Alberto Luppo (Sergio Guizé) mora em Paris há anos e não deseja retornar ao país de origem. Mas quando um antropólogo francês desaparece no interior do Brasil, Alberto é obrigado a retornar à terra natal para transformar a história em livro. No entanto, durante a viagem, entre medo e encantamento, se entrega ao destino. Guiado pelos habitantes tupiniquins de uma terra distante, descobre em tudo o que desprezava, a beleza de sua própria identidade.
Além do Homem conta a história do escritor brasileiro Alberto Luppo (Sergio Guizé), que mora em Paris há muitos anos, trabalha em uma editora e namora a filha de seu chefe. Ele não tem nenhuma vontade de retornar ao país de origem, mesmo com os incentivos da namorada francesa.
Mas, quando o antropólogo francês Marcel Lefavre (Pierre Richard) é supostamente devorado por canibais no interior do Brasil, Alberto é obrigado pelo chefe a retornar à terra natal para investigar o mistério e transformar a história em um livro. Chegando lá, Alberto recebe a ajuda do taxista Tião (Fabrício Boliveira) que o leva até o suposto local.
Além do Homem
O protagonista vai penetrando em um Brasil alegórico e misterioso. Os habitantes daquela terra são todos misteriosos e parecem que ao invés de ajudar, querem impulsionar uma loucura em Alberto. Portanto, temendo por um final como o do francês, ele se desespera. Mas encantado com a beleza brasileira de Bethânia (Débora Nascimento), se entrega ao destino e redescobre sua identidade.
Esse é o tipo de filme que você assiste encantado e intrigado. Assim, o que era para ser uma comédia sobre o Brasil, se torna um filme muito mais íntimo e intenso, com questões filosóficas, diferentemente do que temos visto no cinema nacional. Eu arrisco até a dizer que é um thriller psicológico, tendo em vista tudo pelo que passa nosso personagem principal.
Viva o cinema nacional!
Alberto viajou contrariado para o Brasil, encontrando na terra natal pessoas que mais atrapalham do que ajudam. Convencido de que aquilo tudo não fazia sentido, ele só quer voltar para casa. Mas sua missão não terminou e cada cidadão vai lhe levar a se conhecer melhor e a superar etapas. O primeiro “amigo” que ele faz, Tião, é um cara aberto, antropofágico, baseado nas experiências de Fabrício Boliveira pelo Brasil.
O que Tião quer de verdade, ninguém sabe. Sexo? Dinheiro? Conhecimento? São várias versões de si mesmo num mito de brasileiro. Um cara do mato, um saci, uma pessoa conectada à natureza, um anti-herói.Com suas dualidades, masculino e feminino, cínico e honesto, ele se torna o agente condutor para que Alberto se entregue de vez a tal felicidade que ele tanto nega.
Mais tarde, ao se hospedar em um hotel, Alberto conhece o dono do local, interpretado por Otávio Augusto e Rosalinda (Flávia Garrafa), uma mulher sedutora e muito animada. Dentro do hotel é onde Alberto vê pela primeira vez Bethânia (Débora Nascimento), outra moça misteriosa que lhe ajudará a abrir a porta do quarto e a partir daí será uma espécie de “guia” para o escritor.
Diferente
Com um olhar feminino por todo o longa, Além do Homem conta com a produção e a montagem de mulheres em sua equipe. Vemos o trajeto árido de Alberto para encontrar o feminino, não se referindo ao gênero, mas sim a uma atitude generosa e afetiva para com a vida. Saindo da cinzenta Paris, quando chega ao Brasil, Alberto encontra o retrato da sua própria alma masculina, o cerrado. O elenco se entregou de corpo e alma e podemos conferir isso praticamente em todas as cenas. A fotografia é belíssima e é claro, os cenários brasileiros ajudam muito.
O diretor estreante, Willy Biondani, que morou em Paris por 6 anos, afirma que sua busca por identidade e felicidade o fez refletir sobre a alegria do povo brasileiro. Para resolver o problema da prosódia, Willy orientou aos atores que cada um inventasse a origem de seus personagens, sendo livres para aplicarem o sotaque que quisessem. Isso faz com que a cidade seja também um grande mistério, pois ouvimos sotaques distintos em cada personagem e isso mexe com o psicológico do espectador.
Cada um deles é um pouco do Brasil que Alberto tem que descobrir dentro dele mesmo realizando essa viagem antropofágica. “Crio assim, à partir de uma utopia pessoal, uma experiência extremamente coletiva para talvez tentar entender e explicar que é na comunhão e no afeto, em conceitos abstratos, que reside a nossa humanidade.”
Além do Homem estreia dia 28 de junho nos cinemas e merece ser visto.