Gauguin – Viagem ao Taiti, um filme sobre o pintor francês
Gauguin – Viagem ao Taiti, do diretor Édouard Deluc tem como intenção narrar o período em que o pintor Francês Paul Gauguin (no filme, interpretado por Vincent Cassel) passou no Taiti.
Seu trabalho tinha pouco reconhecimento na França, onde Gauguin praticamente passava fome, além disso, ele tinha dificuldade para pintar na sua terra natal. Por isso, Gauguin abandona a esposa e os filhos para ir conhecer “o primitivo” no Taiti. Quando se embrenha mais fundo na mata, ele encontra uma tribo, que o “presenteia” com Tehura (Tuheï Adams), para que ele a tome como esposa e que acaba se tornando, a musa dos seus mais importantes trabalhos.
Embora seja uma biografia, não existe uma preocupação em ser extremamente realista, o filme é baseado no diário de viagem do próprio Gauguin, Noa Noa, mas o próprio diretor admite que os eventos foram romantizados e naturalmente, o filme não cobre a vida toda do pintor, mas sim o período em questão.
A produção é extremamente bem feita, repleta de lindas paisagens naturais, que nos mostram os lugares aonde Gauguin esteve, e que colocam o espectador dentro do filme. O mesmo pode ser dito do figurino, que retrata com precisão a época, tanto na parte que se passa na França, aonde as roupas são mais opulentes, quanto nas partes que se passam no Taiti, aonde as pessoas usam roupas mais simples, mostrando um contraste claro entre os dois países e a situação de Gauguin em cada um deles.
Contraste também é a palavra chave para a fotografia do filme, que intercala o cinza de Paris, com, no começo as cores presentes nas pinturas de Gauguin e mais tarde, com o colorido do Taiti e principalmente, o colorido que a chegada de Tehura dá a vida do pintor.
Diferente de muitas cinebiografias, que retratam sofrimentos apenas para depois nos mostrarem as glórias dos biografados em questão, Gauguin – Viagem ao Taiti parece mostrar muito mais tristeza, com alguns trechos de felicidade, mais ou menos como a vida é, por isso, mesmo não narrando os fatos exatamente como aconteceram, Gauguin – Viagem ao Taiti é um filme realista.
O elenco também chama atenção, encabeçado por Cassel, que teve que emagrecer e fazer aulas de pintura para o papel, aparece mais abatido e mais envelhecido e nos convence facilmente de que é um pintor lutando para não morrer de fome. O ator também usou uma prótese de dentes para retratar o estado de decrepitude do biografado. A estreante Tuheï Adams, de apenas 17 anos, rouba a cena, sempre que aparece como Tehura. Ela é charmosa e arisca, na medida certa, além de ser extremamente parecida com a mulher que aparece nas pinturas de Gauguin.
Além de falar sobre a vida do pintor e sobre o seu romance com Tehura, o filme também fala um pouco da situação das mulheres na época. Em um lado, temos a esposa de Gauguin, Mette (Pernille Bergendorff), que fica na França, responsável por cuidar dos cinco filhos do casal e que durante anos, aguentou a pobreza a qual o marido expõe a família; do outro, temos Tehura, moradora de uma tribo, que é “dada” pelos próprios pais para Gauguin, e vê nisso, sua única chance de ascensão social, mesmo que o pintor seja muito mais velho que ela e que ela não o ame, de verdade. Nenhuma das mulheres que aparecem no filme são donas de seus próprios destinos.
Gauguin – Viagem ao Taiti retrata de maneira romantizada a vida do pintor Paul Gauguin e apresenta o espectador a lindas paisagens, além de uma história que provavelmente lhe era desconhecida.
Gauguin – Viagem ao Taiti entra em cartaz no dia 23 de agosto.
Gauguin - Viagem ao Taiti
Nome original: Gauguin - Voyage de Tahiti
Elenco: Vincent Cassel, Tuheï Adams, Malik Zidi, Pernille Bergendorff, Marc Barbé
Gênero: Biografia, Drama, Romance
Distribuição: Mares Filmes e A2 Filmes
Direção: Edouard Deluc