Robin Hood – A Origem, uma nova versão da lenda
Robin de Loxley (Taron Egerton) é um nobre que é convocado para as cruzadas, deixando assim a Inglaterra e sua amada Marion (Eve Hewson) para trás. Quatro anos depois, quando ele retorna, tudo está diferente. Marion está casada com Will (Jamie Dornan); a população de Nottingham está passando fome e vive aterrorizada pela igreja e pelo xerife (Ben Mendelsohn). Com a ajuda de Little John (Jamie Foxx), Robin resolve fazer justiça para o povo de Nottingham.
Robin Hood – A origem
A lenda de Robin Hood é extremamente conhecida no mundo todo. Sua versão mais famosa é certamente a de Howard Pyle (que também escreveu livros sobre as Lendas Arthurianas). Além disso, a história de Robin Hood já foi levada ao cinema mais de 10 vezes. Isso dá ao público a sensação de que a história já é conhecida.
Robin Hood – A Origem, de Otto Bathurst (Black Mirror), por sua vez, se volta para uma outra versão da lenda. Uma história passada no boca a boca, que diz que Robin virou um fora da lei depois de ver o estado em que sua cidade estava. Nesse quesito o filme é sim, muito fiel à lenda.
A intenção do filme é, como o próprio título diz, explicar a origem da lenda. Mas a verdade é que é praticamente impossível explicar a origem de uma lenda. Já que sempre existem milhares de versões da mesma história. Portanto, o que esse filme mais recente faz é nos contar uma das milhares de versões da lenda de Robin Hood.
Personagens que já estão na memória
O público naturalmente vai reconhecer diversos personagens que aparecem no filme, nem que seja porque assistiu ao desenho da Disney de 1973. Entre eles estão Little John, Lady Marion e Frei Tuck (Tim Minchin). Mas com certeza assistirá a uma trama que poucas vezes foi explorada.
A impressão que se tem do filme é que embora fique claro que ele se passe na época das cruzadas, o diretor quis dar uma modernizada na história. Então, as coisas não tem toda aquela precisão histórica. O espectador vê diversas armas que não existiam na época em que o filme se passa.
A intenção por trás disso, talvez seja atrair o público jovem que pode não se interessar por um filme que se passe totalmente na idade média. O que não deixa de ser uma boa ideia, pois pode atrair novas pessoas às histórias de cavalaria. Por outro lado, pode desagradar os fãs da lenda ou dos filmes mais antigos, que esperam que Robin Hood – A Origem seja mais realisticamente fiel à história.
Nesse aspecto, o filme lembra muito o filme de Guy Ritchie sobre o Rei Arthur, Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017), que também apresenta uma versão do personagem clássico um pouco diferente da que conhecemos e é repleto de cenas de ação.
Cenas de ação
O filme também é um prato cheio para os fãs do gênero. Tem diversas cenas de luta e guerra. Logo no começo, acompanhamos Robin em uma batalha durante as cruzadas e mais tarde, acompanhamos não só as cenas de roubo, mas também algumas cenas de luta. Várias delas são colocadas em câmera lenta, o que facilita a compreensão do que acontece, de uma maneira geral. Também vemos diversas cenas de Robin disparando seu arco e flecha, que são interessantes e divertidas.
Porém em muitos momentos, as cenas de ação acabam atrapalhando o filme, já que o longa se apoia e muito nelas. Mesmo tendo por trás a história de uma das maiores lendas mundiais e que sobrevive depois de tanto tempo de sua criação.
Naturalmente que o filme tem conteúdo e que ele consegue levantar algumas questões. Como a xenofobia por parte do xerife; a cobiça da igreja católica; e a ideia de que o governo enriquece, enquanto a população passa fome; e que Robin, embora nobre, apoia as revoltas do povo e discorda de todas as injustiças impostas a população de Nottingham. Mas em muitos momentos, a impressão que se tem é que estamos assistindo a um filme de super-herói, já que ele pula, atira, passa no meio do fogo e enfrenta sozinho diversos homens, e sai ileso de todas essas situações.
Isso não é uma situação que salta aos olhos, afinal, o filme está bem dentro dos padrões de filmes de super-herói que fazem bastante sucesso hoje em dia. E também porque a proposta do filme é que ele não seja completamente realista.
Aspectos técnicos
Robin Hood – A Origem é uma grande produção, por isso, é natural que a parte técnica do filme seja muito bem-feita. Os efeitos são ótimos e extremamente realistas. As cenas de luta também são bem executadas, embora não tão realistas.
A direção de arte escolhe seguir a mesma lógica de modernização do resto do filme, por isso, as roupas dos personagens não são completamente medievais. Embora façam referência à época em que o filme se passa e o mesmo pode ser dito em relação aos objetos de cena e aos cenários.
O elenco tem grandes nomes como Jamie Foxx, que interpreta uma versão bem interessante e bem diferente de Little John; Jamie Dornan, que parece estar apenas jogado na trama no começo do filme, mas que vai ganhando sua importância ao longo da história e claro, o protagonista Taron Egerton, que consegue trazer muito carisma a Robin e que está muito bem no filme.
Robin Hood – A Origem tem em mãos uma das maiores lendas de todos os tempos, mas se perde na tentativa de fazer um filme de ação, se tornando assim, só mais um dos longas sobre Robin Hood. O filme entra em cartaz no dia 29 de novembro.