Hellboy Edição Histórica 9 – Ed. Mythos
Krampusnatch e Outras Histórias
O mestre Mike Mignola retorna à sua cria, munido dessa vez de mais artistas convidados em Hellboy Edição Histórica 9. Repleto de boas histórias, a começar por Krampusnacht do título, que traz o fantástico Adam Hughes na arte. O que rendeu a ele e ao criador o 13º Eisner Award. Esta é uma típica trama fechada do vermelhão, as voltas com uma figura suspeita, que se revela outra pior. Faz bom uso do mito de Krampus (o “anti-Papai Noel”), com uma narrativa compassada e insólita na medida. O traço de Hughes, completamente diferente de Mignola, consegue transmitir a mesma atmosfera, ainda que com sua própria personalidade. Atenção ainda aos detalhes de enquadramento, em relação a neve e sobre o aspecto do monstro da vez. De encher os olhos!
Em seguida, Chelsea Cain assume como primeira roteirista do personagem em Temperatura Difícil. Uma história natalina bem fraca e bobinha sobre Liz Sherman. Mostra então pouco conhecimento da autora a respeito desse cenário. Salvo pelo traço cartunesco e condizente de Michael Avon Oeming, que dita certo dinamismo nas páginas. Por Tim Sale, temos a pequena trama Casulos Partidos ambientada no mesmo universo, mas sem Hellboy ou figuras do BPDP, apenas um curioso conto de horror passado na pré-história. Com uma figura que seria interessante de acompanhar em obras paralelas, aliás.
Em seguida, o álbum repete Ser Humano, que já havia sido publicada na edição A Casa dos Mortos Vivos. Uma excelente história. Envolve a primeira missão de Roger, o Homúnculo, após os eventos de O Despertar do Demônio, quando ele consumiu parte da vitalidade de Liz, o que lhe concedeu “vida”. O enredo no traço do grande Richard Corben envolve uma família amaldiçoada por uma velha escrava no sul dos EUA, com um desfecho onde não existem escolhas fáceis.
Hellboy Edição Histórica por fim…
Mar Silencioso foi inteiramente ilustrada por outro mestre dos quadrinhos de horror: Gary Gianni. Seu Monster Men será publicado no Brasil pela Mythos em breve. Se passa após os eventos de A Ilha, antecedendo Paragens Exóticas, colocando Hellboy pós-demissão do BPDP se metendo com um navio fantasma, um kraken e muito delírio coletivo, nessa história que é um verdadeiro pesadelo. Gianni consegue imprimir todo esse senso onírico à trama, com seu traço singular, a paleta pálida e os rostos aberrantes das figuras humanas. Mignola aproveitou um diálogo de uma HQ anterior como gancho para essa história, o que foi um ótimo brinde para seus leitores.
O nono encadernado pela Mythos consegue manter o nível das publicações de Hellboy e é uma ótima pedida para leitores das antigas e até mesmo os de primeira viagem. Afinal, muitos de seus quadrinhos são tramas fechadas e independentes. A edição segue o capricho de sempre das versões “Históricas”, com glossário de termos, esboços dos artistas e entrevistas com alguns autores, tanto da relação com Mignola, quando do processo criativo.
Mais um ponto forte para a coleção do vermelhão.