A Garota da Motocicleta – Um filme típico dos anos 60

A recém-casada Rebecca (Marianne Faithfull) se sente infeliz com seu marido, Raymond (Roger Mutton), por isso, pega sua motocicleta e viaja até a Alemanha para se encontrar com seu amante, Daniel (Alain Delon). No caminho, ela conta a sua história, se questiona sobre sua vida e tem delírios psicodélicos e sexuais.

A Garota da Motocicleta se divide entre três momentos: o presente, o passado e as fantasias de Rebecca, mas, no começo, ainda não sabemos exatamente o que é o que. Logo nas primeiras cenas, Rebecca deixa seu marido e parte com sua moto em uma viagem que, por enquanto, ainda não sabemos para onde é.

Marianne Faithfull como Rebecca em A Garota da Motocicleta
Marianne Faithfull como Rebecca

As fantasias de Rebecca

Durante a viagem, Rebecca começa a explicar o que aconteceu em sua vida para levá-la a esse momento, mas também tem uma série de fantasias. Se imagina desde trabalhando em um circo, até sendo chicoteada. Tudo é muito psicodélico, colorido e com predominância de cores fortes. Isso dá ao telespectador a impressão de fazer parte de um sonho lisérgico ou muito fetichista, repleto de couro e chicotes.

Também é enquanto Rebecca anda de moto que, através de flashbacks, sabemos como ela conheceu seu amante, e como ela, Daniel e Raymond chegaram ao ponto em que estão.

Liberdade sexual

A Garota da Motocicleta também é um filme que fala sobre liberdade sexual em muitas esferas. Primeiro no próprio comportamento de Rebecca, que começa uma relação sexual com Daniel quando já está noiva de Raymond e, mesmo depois de casada, mantém a relação, o que soa até bem moderno para a época em que o filme foi produzido.

Rebecca se sente infeliz no seu casamento
Rebecca se sente infeliz no seu casamento

Além disso, Daniel, que é um professor, constantemente discute com seus amigos sobre o conceito de amor livre. Para ele, seria ter a liberdade de fazer sexo com uma garota sem se casar com ela, ou mesmo, sem estar apaixonado por ela. Talvez por isso, Daniel se recuse a se casar com Rebecca e diga que não tem nenhuma intenção de fazer isso, quando ela o questiona sobre o assunto. Para os dias de hoje, onde o sexo casual é um comportamento comum, essa discussão parece boba e muito atrasada, mas é bom ter em mente que o filme é de 1968, onde essa ideia ainda soava absurda e indecente.

O filme poderia até ser considerado feminista, em função do comportamento de Rebecca, que é uma mulher segura de si e de sua sexualidade, que recusa a ideia de casamento tradicional e chama uma jovem com cinco filhos que ela vê na rua de “coitada”, se não sexualizasse a sua protagonista com frequência. Cenas de nudez completamente desnecessárias, closes nos seios e nas nádegas de Faithfull e um comportamento machista por parte de quase todos os personagens masculinos, que nunca é rechaçado por Rebecca, são algumas das coisas que fazem com que o longa perca essa aura de feminismo, que a trama até traz à tona.

Aspectos técnicos de A Garota da Motocicleta

Este é, em muitos sentidos, um filme típico da década de 1960. Acompanha uma jovem que, mesmo estando noiva e seguindo os padrões da época, passa a se questionar sobre a vida. Além disso, traz temas como o amor livre e a liberdade sexual, mais especificamente da mulher. Essas questões estavam muito em voga na época.

A Garota da Motocicleta aborda temas modernos para a época
O longa aborda temas modernos para a época

A fotografia se reveza entre tons outonais, que retratam o que acontece de verdade, e tons coloridos e psicodélicos, que lembram um caleidoscópio, correspondendo às fantasias de Rebecca. O longa também tem figurinos interessantes, que demarcam a mudança na personalidade de Rebecca. No começo, quando ela ainda não conhece Daniel, ela se veste como uma menina: saia, meias coloridas e lacinhos na cabeça. Depois que ela e Daniel começam seu relacionamento sexual, ela passa a se vestir como uma mulher adulta e sensual. Ela usa até um macacão de couro, que ela diz “não ter nada por baixo”.

O elenco

A produção conta com algumas boas atuações, como a de Alain Delon, mas quem chama a atenção mesmo é Marianne Faithfull, com sua atuação simples, mas ainda assim, charmosa. No entanto, o charme de Faithfull, que aqui é usado muitas vezes como forma de sexualizar a atriz, não é suficiente para manter a atenção do telespectador do começo até o final do filme.

A Garota da Motocicleta tem uma abordagem um tanto quanto sexista
A Garota da Motocicleta tem uma abordagem um tanto quanto sexista

Em seus aspectos técnicos, A Garota da Motocicleta é um filme muito bonito, que vai chamar atenção de qualquer pessoa que goste de tendências da década de 1960. A trama, por outro lado, não chama muito a atenção e, embora flerte com temas importantes e atuais, se perde em momentos um pouco sexistas. Não é que seja um filme ruim, é só que ele sai de lugar nenhum e vai para nenhum lugar.

A Garota da Motocicleta até tem boas ideias, mas desperdiça várias delas e perde pontos quando toma caminhos contrários ao que a própria história narra. O longa está disponível no Belas Artes À La Carte a partir do dia 29 de julho.

A Garota da Motocicleta

Nome Original: The Girl on a Motorcycle
Direção: Jack Cardiff
Elenco: Alain Delon, Marianne Faithfull, Roger Mutton, Marius Goring, Catherine Jourdan
Gênero: Drama, Romance
Produtora: Ares Productions
Distribuidora: Transvídeo
Ano de Lançamento: 1968
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