A Justiça Chama, de Annie Bellet
A personagem principal, Jade Crow, é uma feiticeira que sobrevive escondida na pequena Wylde, Idaho, com sua loja de jogos e seus amigos nerds (a maior parte deles é transmorfo). As coisas viram de ponta cabeça, quando um russo à lá Juiz Dredd (que é juiz, juri e executor), aparece em sua porta com um caso em mãos, que envolve a mãe de um deles e depois um dos próprios amigos, todos sendo afetados de alguma forma por forças sombrias que recaem sobre o grupo.
Sem se perder em romances, já que a história não permite espaço pra isso, Jade e seus amigos conduzem o enredo em capítulos curtos e grossos, que funcionam do começo ao fim. A história é redonda e fechadinha, apesar de fazer parte de uma série, com outros 6 livros pela frente. O passado da protagonista também é interessante e complexo, prometendo uma tempestade que se aproxima vagarozamente, sem saber quando exatamente vai chegar, na figura de Samir, ex amante e mestre de Crow, que funciona aqui mais ou menos como a figura de Kilgrave em Jessica Jones, o que por si só é uma promessa e tanto.
À parte disso, A Justiça Chama se resolve dentro dos mistérios propostos, já que a cada pequeno momento solucionado, outro enigma se abre, até a conclusão final, com ares bem-vindos de Scooby-Doo, tendo em vista que a ameaça não é de fato grandiosa (e isso me pareceu um indicador de que cada desafio será maior a cada livro), e que as grandes questões do primeiro livro se dão quanto às decisões de Jade Crow. É nela que reside os pontos iniciais, para que uma história maior se desenvolva, a partir da escolha que ela faz no desfecho.
A Justiça Chama
Cheio de referências geeks, que vão da Marvel até a DC, de jogos contemporâneos a RPG atemporais, de filmes e séries antigos, A Justiça Chama é um ótimo começo de série, que dá para ser em um dia, mantendo a curiosidade pelo que virá a seguir. Fantasia urbana de primeira.