A Lenda do Cavaleiro Verde

Espetacular, belíssimo e envolvente, essa obra-prima da sétima arte adapta o conto “Sir Gawain e o Cavaleiro Verde” (de versos aliterativos do século XIV, orados e escritos por anônimos, como o longa faz questão de lembrar), pelas mãos do sempre criativo David Lowery – que já havia renovado o cinema, também pela A24, com o formidável “A Ghost Story“. E realiza tudo de maneira simples, fluída e com uma narrativa singular, com a câmera nos tomando de assalto de tempos e tempos, em outras abrindo espaço para tomadas panorâmicas, de cenários acachapantes.

A Lenda do Cavaleiro Verde

Brincando com títulos capitulares, uma fotografia suntuosa e uma direção de arte impecável, o cineasta nos conduz por essa improvável “jornada do herói”, envolvendo ambição e redenção, artefatos e esforço, covardia e honra, morte e renascimento, em uma balança sem fim, em uma história poderosa sobre aprendizado, com figuras carismáticas e símbolos significativos que não vão passar isentos.

Desde o cinto da sorte, passando pelo verde e vermelho (e o verde principalmente, através do cavaleiro do título, que também representa o destino), da raposa como um signo de covardia, dos gigantes (da perspectiva de que nossas histórias podem ser esquecidas e que a natureza e o mundo são muito maiores do que nossa insignificância).

A lenda do cavaleiro verde
A Lenda do Cavaleiro Verde

Uma fantasia belíssima

Na mansão onde ele é acolhido, temos um nobre que dá e pede presentes, uma mulher encantadora com o mesmo rosto de sua amada (ele projeta isso ou tem outro significado? Pire à vontade), a idosa cega emulando sua mãe – que não por acaso é Morgana, a bruxa que já vinha facilitando parte do percurso para o filho, como na “morte” na floresta e o reinício a partir disso; ou de quando ela própria invoca O Cavaleiro Verde, sabendo que o filho, ainda um ninguém, poderia se voluntariar para a missão. Uma história sobre histórias, sobre o poder das lendas, realizado com maestria em um filme belíssimo do começo ao fim.

Vale ainda destacar a atuação poderosa Dev Patel, que sempre esteve à frente do tempo e que aqui entrega seu melhor papel. Alicia Vikander e Barry Keoghan, mais uma vez acima da média. Erin Kellyman, Joel Edgerton e Sarita Choudhury reforçam o elenco magnífico dessa que é a melhor produção de 2021.
Aplausos, por favor.

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